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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Notícias bandeirantes
SÃO PAULO - Tucanos não costumam levar muito a sério tolices como
a distinção entre esquerda e direita.
Coisa velha, de gente ultrapassada,
geralmente de esquerda. Iluministas
que são, não consta tampouco que
acreditem em fantasmas e quetais.
Quem, no entanto, tirar o olho da
sucessão nacional para espiar São
Paulo verá que Freddy Krueger,
aquele do pesadelo, o que vai mas fica, continua entre nós: Paulo Maluf
estaria bem próximo de vencer a eleição no primeiro turno se o "povo de
São Paulo", como ele gosta de dizer,
fosse cumprir hoje com o dever cívico.
Há um detalhe que torna o favoritismo da velha direita ultrapassada
em São Paulo ainda mais curioso.
Maluf tem hoje 43% das preferências
do eleitorado. O mesmo Datafolha
nos mostra, porém, que, entre os simpatizantes do PSDB de Geraldinho
Alckmin, o ex-prefeito do PPB tem...
72% das intenções de voto!
Descontem-se a ignorância e a criatividade populares. Muita gente vai
cravar de boa fé Maluf aqui e Lula lá.
E a maioria nem deve saber o que significa, afinal, o tal PSDB. Ainda assim e apesar de tudo, 72% é de lascar.
A velha direita ultrapassada também lidera a corrida ao Senado. Romeu Tuma, o xerife notório, tem 55%
das preferências. Seu partido, o PFL,
fecha com Alckmin em São Paulo. E
Alckmin, fecha com quem? -essa é a
pergunta que os iluminados com
plumas deveriam se fazer a sério.
A linha que separa os discursos de
Alckmin e Maluf sobre segurança é
cada vez mais tênue. O ex-herdeiro
de Covas, hoje "gerente" de São Paulo e fiel escudeiro do tucanato pós-ideológico, age como aprendiz do
bangue-bangue malufista. A campanha, previsível como será, o empurrará fatalmente para extremos de
truculência retórica -ou coisa pior.
O que se anuncia, na melhor das
hipóteses, é um desfecho farsesco para a tragédia que quase se consumou
em 98, quando FHC, na cara de Covas, posava sorridente abraçado em
outdoors com o inimigo. Ontem, como hoje, tem muito tucano chamando urubu de meu louro.
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