São Paulo, segunda-feira, 08 de julho de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Decisão antes do segundo turno

BRASÍLIA - É improvável, para não dizer impossível, algum candidato a presidente da República conseguir 50% mais um dos votos válidos em 6 de outubro e faturar logo no primeiro turno. Sobretudo se ficarem na disputa até o final os quatro nomes mais competitivos -Lula (PT), José Serra (PSDB), Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS). Haverá, portanto, um segundo turno.
Ainda assim, cresce entre os políticos mais observadores da eleição a percepção de que tudo estará definido antes do dia 6 de outubro.
A depender de como estiverem as campanhas, não haverá muita dúvida de quem será o vencedor no segundo turno.
Será mais ou menos como em 89, quando dava para perceber nas ruas, pela riqueza da campanha, e na mídia, pela adesão, que Fernando Collor venceria Lula.
O mesmo ocorreu em 98, quando Paulo Maluf (PPB) foi para o segundo turno contra Mário Covas (PSDB) na disputa pelo governo paulista. Maluf terminou o primeiro turno na frente, mas acabou perdendo.
A impressão atual é que Lula venceria a eleição se o segundo turno fosse realizado hoje. Mas que só manterá esse favoritismo se conseguir chegar em 6 de outubro com uma vantagem próxima de 20 pontos percentuais sobre o segundo colocado.
"Se o Lula vencer o primeiro turno com algo como 33% ou 34% contra 27% ou 28% do Serra, acho que já era. Daí, perdemos a eleição", diz um estrategista petista, desses que têm voz ativa na campanha.
Ninguém admitirá isso em público no PT. Mas a interpretação é quase consensual. Lula só ganhará no segundo turno em condições especialíssimas. Se tiver uma imensa vantagem percentual em 6 de outubro, se o segundo candidato estiver abandonado por várias forças políticas e se parte expressiva do "establishment" aderir ao PT. Não é impossível, claro. Mas não é nada, nada fácil.


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