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FESTA FILANTRÓPICA
Ao que tudo indica o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinará decreto renovando, de um só
golpe, o certificado de entidade beneficente de assistência social de cerca de 2.000 instituições. A medida estenderá o direito das contempladas a
gozar do estatuto de instituição filantrópica, que assegura cobiçadas vantagens fiscais, entre elas a isenção do
pagamento da cota patronal do INSS
e do Imposto de Renda.
Na teoria a isenção de impostos deveria ter como contrapartida benefícios sociais. Pela lei essas entidades
são obrigadas a destinar 20% do faturamento a atividades beneficentes.
Na prática, porém, nem sempre é o
que se observa. Não faltam casos de
fraudes na contabilidade das filantrópicas -o que já fez surgir na linguagem coloquial o termo "pilantropia". Há exemplos verdadeiramente
escandalosos, como o de uma universidade que adquiriu dois aviões ao
custo de US$ 11 milhões.
Desnecessário dizer que a isenção
de tributos impõe perdas aos cofres
públicos que só se justificariam com
compensações sociais claras e passíveis de fiscalização. Segundo dados
oficiais, no caso da filantropia, a renúncia fiscal monta a R$ 4,3 bilhões.
Diante de valores tão elevados e da
flagrante possibilidade de desvios seria de esperar uma ação fiscalizadora
mais rigorosa e um exame criterioso
das empresas que pleiteiam ser tratadas como filantrópicas.
Lamentavelmente, a renovação do
estatuto a ser perpetrada pelo governo não será precedida da averiguação
prévia dos gastos dessas instituições
com atividades beneficentes. Circunstâncias como essas são um convite renovado ao uso do benefício fiscal de maneira enviesada e contrária
ao interesse público.
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