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CLÓVIS ROSSI
Cores, amores e categorias
SÃO PAULO - É incompleta a informação do secretário de Imprensa da
Presidência, Ricardo Kotscho, segundo quem o projeto do Conselho Federal de Jornalismo é uma "reivindicação desta categoria profissional" (a
dos jornalistas), conforme a nota que
Kotscho emitiu para rebater texto do
jornal "The New York Times".
A ABI (Associação Brasileira de
Imprensa) também representa os jornalistas, mas é contra o projeto. E a
ABI tem mais história que a Fenaj
(Federação Nacional dos Jornalistas), que lançou a idéia. Não é demérito da Fenaj, mas fato da vida.
Tanto é assim que, quando precisou, o PT (e demais forças de oposição ao governo Fernando Collor) recorreu à ABI para liderar o movimento pelo impeachment.
Vê-se, pois, que o projeto do CFJ
não é "da categoria", mas de parte
dela apenas.
Aliás, seria curioso saber por que o
governo "comprou" esse projeto, de
apenas parte de uma categoria,
quando, pouco antes, se opôs ferozmente a um aumento maior do salário mínimo, este, sim, proposto por
TODO o movimento sindical.
Está igualmente imprecisa a avaliação de Luís Nassif de que a onda
verde-e-amarela nas praias italianas
neste verão seria decorrência do fato
de que o Brasil é "o país mais amado
do mundo".
A onda verde-e-amarela na Europa
vem de alguns meses, mas está determinada por um modismo de cores
que se revezam ciclicamente nas lojas, de acordo com a criatividade (ou
falta dela) dos desenhistas.
Enquete pessoal, feita nos cinco meses que passei na Europa neste ano,
mostra que a maior parte dos que
usam verde-e-amarelo nem sabe que
são as cores do Brasil.
Claro que há (sempre houve) carinho pelo país tropical, mesmo desconhecendo-o, porque, afinal, nunca
fez mal a ninguém (a não ser a seus
próprios filhos e aos paraguaios no
século retrasado).
A onda atual tem muito mais a ver
com cor do que com amor ao Brasil. É
bom do mesmo jeito, mas não convém perder a perspectiva.
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