São Paulo, quarta-feira, 08 de setembro de 2004

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FERNANDO RODRIGUES

O "Chávez brasileiro"

BRASÍLIA - Com sua retórica tonitruante e alguns resultados econômicos satisfatórios, cada vez mais o governador do Paraná, Roberto Requião, vai-se posicionando à esquerda de Lula. Já se ouve em Brasília que ele ensaia ser uma espécie de "Hugo Chávez brasileiro".
Assim como o controverso presidente venezuelano, Requião tem colecionado litígios com grandes empresas estrangeiras e nacionais. Vai à Justiça para romper contratos. É abertamente contra a menina-dos-olhos do governo Lula, as PPPs (parcerias público-privadas).
Eis a sua diatribe: "PPP é privatizar o dinheiro público. O Lula, o Palocci e todos ali sabem que esse não é o melhor caminho. Eles não têm coragem de enfrentar o FMI e os agentes financeiros internacionais. O BNDES está cheio de dinheiro e não pode emprestar para o Estado. Tem de dar para a iniciativa privada, que ainda exige garantia de lucros".
Apesar de todos os seus posicionamentos aparentemente anti-capitalistas, Requião exibe bons resultados no crescimento econômico do Paraná -o Estado onde foi registrado o terceiro maior número de novas vagas de emprego formais neste ano (106,3 mil), perdendo apenas para São Paulo e Minas Gerais.
Sobre a comparação com Chávez, recusa-a pela metade. "Não sou o Chávez brasileiro. Sou brasileiro. Não tenho vergonha de ser nacionalista." Sua frase seguinte é um pouco mais didática sobre a admiração que nutre pelo venezuelano:
"Acho que esse governo do PT deve ser hospitalizado para receber uns 2 ml de sangue do Chávez na veia. Só 2 ml, pois não recomendo uma transfusão completa".
O senhor deseja ser candidato a presidente da República em 2006? "Não tenho bala na agulha. Prefiro que o Lula acerte. Se ele não acertar, não sei." Eis aí a sucessão presidencial começando a mostrar a sua cara.


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