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FERNANDO RODRIGUES
O "Chávez brasileiro"
BRASÍLIA - Com sua retórica tonitruante e alguns resultados econômicos satisfatórios, cada vez mais o governador do Paraná, Roberto Requião, vai-se posicionando à esquerda de Lula. Já se ouve em Brasília que
ele ensaia ser uma espécie de "Hugo
Chávez brasileiro".
Assim como o controverso presidente venezuelano, Requião tem colecionado litígios com grandes empresas estrangeiras e nacionais. Vai à
Justiça para romper contratos. É
abertamente contra a menina-dos-olhos do governo Lula, as PPPs (parcerias público-privadas).
Eis a sua diatribe: "PPP é privatizar
o dinheiro público. O Lula, o Palocci e
todos ali sabem que esse não é o melhor caminho. Eles não têm coragem
de enfrentar o FMI e os agentes financeiros internacionais. O BNDES
está cheio de dinheiro e não pode emprestar para o Estado. Tem de dar
para a iniciativa privada, que ainda
exige garantia de lucros".
Apesar de todos os seus posicionamentos aparentemente anti-capitalistas, Requião exibe bons resultados
no crescimento econômico do Paraná
-o Estado onde foi registrado o terceiro maior número de novas vagas
de emprego formais neste ano (106,3
mil), perdendo apenas para São Paulo e Minas Gerais.
Sobre a comparação com Chávez,
recusa-a pela metade. "Não sou o
Chávez brasileiro. Sou brasileiro.
Não tenho vergonha de ser nacionalista." Sua frase seguinte é um pouco
mais didática sobre a admiração que
nutre pelo venezuelano:
"Acho que esse governo do PT deve
ser hospitalizado para receber uns 2
ml de sangue do Chávez na veia. Só 2
ml, pois não recomendo uma transfusão completa".
O senhor deseja ser candidato a
presidente da República em 2006?
"Não tenho bala na agulha. Prefiro
que o Lula acerte. Se ele não acertar,
não sei." Eis aí a sucessão presidencial começando a mostrar a sua cara.
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