|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FILME VELHO
Faz um mês que o governo editou medida provisória estabelecendo benefícios para o cinema nacional. Na mais pura tradição paternalista, o Estado brasileiro toma as
dores de um grupo de produtores e
ressuscita mecanismos que aumentam de maneira extraordinária o espaço para práticas duvidosas como
as que proliferaram durante o período de existência da Embrafilme.
Os instrumentos criados nos gabinetes do Palácio do Planalto ultrapassam qualquer limite do que se
poderia considerar razoável em termos de regulação.
A nova Agência Nacional de Cinema seguirá as orientações do Conselho Superior de Cinema, a ser formado pelos ministros da Cultura, das
Comunicações, do Desenvolvimento, da Fazenda, das Relações Exteriores, da Justiça, e da Casa Civil e por
cinco representantes do setor, indicados por decreto presidencial. A
Ancine será financiada por recursos
da Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Cinematográfica
Nacional. Em casos de "urgência e
relevante interesse", o presidente do
conselho poderá decidir "ad referendum" dos demais membros.
O cinema por decreto não é instrumento para promover cultura, e sim
espaço para criar privilégios. Políticas culturais dependem de visões e
articulações mais amplas. A tal ponto essa perspectiva está ausente que,
dos integrantes previstos para o conselho da Ancine, ficou de fora o ministro da Educação.
Outras políticas relevantes para a
produção e distribuição de filmes,
tais como a regulação da comunicação de massa e do uso de meios digitais, também foram negligencias.
É o paraíso do casuísmo, terreno
fértil para os acertos interpares que
nada mais fazem senão perenizar o
coronelismo cultural brasileiro.
Texto Anterior: Editoriais: TABELA CONGELADA Próximo Texto: São Paulo - Vinicius Torres Freire: Política de guerra Índice
|