São Paulo, segunda-feira, 08 de outubro de 2001

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FERNANDO RODRIGUES

Apoio e risco na guerra

BRASÍLIA - Os ataques militares dos Estados Unidos ontem contra o Afeganistão foram precedidos pela talvez mais bem preparada operação diplomática dos norte-americanos. Mesmo assim, o risco de fracasso é enorme.
A grande preocupação do governo de George W. Bush nas últimas semanas foi não perder a atual e confortável posição de vítima. Acostumados a serem sempre os arrogantes, depois dos atentados de 11 de setembro os EUA passaram a desfrutar da solidariedade de boa parte do planeta.
Até países do Terceiro Mundo, como o Brasil, receberam a atenção de Bush. Representantes norte-americanos entregaram um dossiê com o que seriam as supostas provas contra Osama bin Laden.
Essas tais provas definitivas não foram apresentadas ao público. Mas nenhum país que as tenha recebido apresentou algum protesto formal. Muito pelo contrário. Vários governos, inclusive o brasileiro, se declararam satisfeitos com as evidências apresentadas pelos EUA.
Em sua declaração de guerra de ontem, Bush disse: "Mais de 40 países no Oriente Médio, na África, na Europa e na Ásia nos deram autorização para usar seu espaço aéreo e para aterrissar. Muitos outros estão compartilhando informações secretas conosco. Nós temos o apoio do desejo coletivo do mundo".
Há um certo exagero, para dizer o mínimo, nas palavras do presidente dos EUA quando fala do "apoio do desejo coletivo do mundo". Ainda assim, é inegável que os norte-americanos obtiveram amplo suporte para suas ações militares contra os extremistas do Afeganistão.
Os próximos dias mostrarão se o sucesso diplomático será estendido ao terreno militar. Se Bin Laden não for detido, se a Al Qaeda não for desmantelada e, sobretudo, se morrerem civis, o atual apoio obtido pelos EUA poderá evaporar-se com a mesma rapidez com que foi obtido.


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