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FERNANDO RODRIGUES
Apoio e risco na guerra
BRASÍLIA - Os ataques militares dos Estados Unidos ontem contra o Afeganistão foram precedidos pela talvez mais bem preparada operação
diplomática dos norte-americanos.
Mesmo assim, o risco de fracasso é
enorme.
A grande preocupação do governo
de George W. Bush nas últimas semanas foi não perder a atual e confortável posição de vítima. Acostumados a
serem sempre os arrogantes, depois
dos atentados de 11 de setembro os
EUA passaram a desfrutar da solidariedade de boa parte do planeta.
Até países do Terceiro Mundo, como o Brasil, receberam a atenção de
Bush. Representantes norte-americanos entregaram um dossiê com o que
seriam as supostas provas contra
Osama bin Laden.
Essas tais provas definitivas não foram apresentadas ao público. Mas
nenhum país que as tenha recebido
apresentou algum protesto formal.
Muito pelo contrário. Vários governos, inclusive o brasileiro, se declararam satisfeitos com as evidências
apresentadas pelos EUA.
Em sua declaração de guerra de ontem, Bush disse: "Mais de 40 países
no Oriente Médio, na África, na Europa e na Ásia nos deram autorização para usar seu espaço aéreo e para
aterrissar. Muitos outros estão compartilhando informações secretas conosco. Nós temos o apoio do desejo
coletivo do mundo".
Há um certo exagero, para dizer o
mínimo, nas palavras do presidente
dos EUA quando fala do "apoio do
desejo coletivo do mundo". Ainda assim, é inegável que os norte-americanos obtiveram amplo suporte para
suas ações militares contra os extremistas do Afeganistão.
Os próximos dias mostrarão se o sucesso diplomático será estendido ao
terreno militar. Se Bin Laden não for
detido, se a Al Qaeda não for desmantelada e, sobretudo, se morrerem
civis, o atual apoio obtido pelos EUA
poderá evaporar-se com a mesma rapidez com que foi obtido.
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