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LUTO FORÇADO
É bastante preocupante a notícia de que supostos traficantes
determinaram o fechamento do comércio no Glicério, região central de
São Paulo. O "toque de recolher" seria uma reação à morte de dois traficantes, anteontem, em troca de tiros
com a Polícia Militar.
Esse tipo de ocorrência, que recebe
o nome de "luto forçado", não é inédito em São Paulo. Só que, usualmente, acontece apenas nas periferias e em proporções inferiores às verificadas ontem no Glicério. Cerca de
120 policiais foram enviados à região
para garantir a abertura das lojas,
mas muitos comerciantes não se
sentiram tranquilizados e preferiram
manter as portas fechadas. O temor
não é despropositado. O governo do
Estado não poderá manter o reforço
policial indefinidamente.
É estranha a atitude do governador,
Geraldo Alckmin (PSDB), de tentar
negar que os traficantes de São Paulo
tenham poder para determinar o fechamento de comércio e serviços,
num comportamento que lembra
um pouco o de quem, tentando negar a febre, quebra o termômetro.
Infelizmente, traficantes de São
Paulo têm mostrado capacidade de
impor "lutos forçados".
Chegamos a um ponto em que o
crime organizado se tornou tão ousado e violento que muitos preferem
ceder a intimidações e suspender
suas atividades a correr o risco de sofrer represálias. A perda da tranquilidade é uma das baixas da guerra que
o Estado trava contra o crime. A única forma de enfrentar essa situação é
seguir combatendo, sem trégua, o
crime organizado.
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