São Paulo, sexta-feira, 08 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LUTO FORÇADO

É bastante preocupante a notícia de que supostos traficantes determinaram o fechamento do comércio no Glicério, região central de São Paulo. O "toque de recolher" seria uma reação à morte de dois traficantes, anteontem, em troca de tiros com a Polícia Militar.
Esse tipo de ocorrência, que recebe o nome de "luto forçado", não é inédito em São Paulo. Só que, usualmente, acontece apenas nas periferias e em proporções inferiores às verificadas ontem no Glicério. Cerca de 120 policiais foram enviados à região para garantir a abertura das lojas, mas muitos comerciantes não se sentiram tranquilizados e preferiram manter as portas fechadas. O temor não é despropositado. O governo do Estado não poderá manter o reforço policial indefinidamente.
É estranha a atitude do governador, Geraldo Alckmin (PSDB), de tentar negar que os traficantes de São Paulo tenham poder para determinar o fechamento de comércio e serviços, num comportamento que lembra um pouco o de quem, tentando negar a febre, quebra o termômetro.
Infelizmente, traficantes de São Paulo têm mostrado capacidade de impor "lutos forçados".
Chegamos a um ponto em que o crime organizado se tornou tão ousado e violento que muitos preferem ceder a intimidações e suspender suas atividades a correr o risco de sofrer represálias. A perda da tranquilidade é uma das baixas da guerra que o Estado trava contra o crime. A única forma de enfrentar essa situação é seguir combatendo, sem trégua, o crime organizado.


Texto Anterior: Editoriais: DE PACTO A PACTO
Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Confiança zero
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.