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FERNANDO RODRIGUES
O devaneio de Berzoini
BRASÍLIA - Outro dia, o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, apareceu na TV pensando estar na Suécia. Pediu aos brasileiros que investissem no setor produtivo.
O surto de devaneios e gafes que assola o governo atacou ontem o presidente Lula, que se impressionou com
a limpeza da Namíbia: "Quem chega
a Windhoek não parece que está em
um país africano".
Também ontem surgiu na Rede
Globo o ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, com uma dose de capricho da imaginação. Disse ter
orientado funcionários do INSS a visitar aposentados "que não têm condição de se locomover" para fazer um
trabalho de recadastramento. A ordem (sic) foi descumprida.
A origem da celeuma são os cerca
de 105 mil aposentados pelo INSS
com mais de 90 anos de idade -e
que recebem o benefício há mais de
30 anos. Desses, o governo calcula
que uns 30 mil já teriam morrido. Alguém continua recebendo os pagamentos irregularmente.
Na dúvida, Ricardo Berzoini mandou suspender todos os pagamentos.
Obrigou quem está vivo a comparecer a um posto do INSS.
Encrenca formada, Berzoini explicou-se: "O combate à fraude envolve
algum tipo de transtorno. É impossível você fazer, com a qualidade do
cadastro do INSS, um combate à
fraude que não traga nenhum tipo de
transtorno para o aposentado".
Errado. Basta planejar. Para começar, quantos dos 105 mil aposentados
nonagenários ganham mais de R$
1.000 ou R$ 2.000 por mês? Certamente, a minoria. À casa desses menos desafortunados o ministro teria
como mandar seus agentes do INSS.
A limpeza começaria por cima.
Parece óbvia a necessidade de um
recadastramento geral dos aposentados. Como não se trata de benemerência que caiba numa propaganda
de Duda Mendonça, essa medida é
difícil de tomar. Ainda mais com o
cuidado de respeitar as pessoas que
nada têm a ver com o déficit do INSS.
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