São Paulo, terça-feira, 08 de novembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FRAUDE ESCOLAR

Embora não chegue a ser uma novidade, é deplorável a comercialização fraudulenta de trabalhos acadêmicos retratada em reportagem publicada ontem por esta Folha. Pagando valores que variam de acordo com o grau de complexidade das tarefas, qualquer aluno de pós-graduação pode comprar monografias, dissertações de mestrado e teses de doutorado confeccionadas por terceiros sob encomenda.
Em sua maioria, esses trabalhos são produzidos por profissionais da área acadêmica, agenciados por pequenas empresas especializadas que proliferaram, se beneficiando da expansão da internet. Hoje em dia, é fácil encontrar sites que oferecem trabalhos acadêmicos para todos os perfis de estudantes, aos mais variados preços e sob diversas formas e condições de pagamento.
O que causa mais espanto é que, ao que tudo indica, esse ardil muitas vezes garante bons resultados aos alunos, mesmo quando se trata de escolas de reconhecida excelência. Segundo depoimentos, instituições como a FGV do Rio já aprovaram teses produzidas nesses balcões de venda.
A disseminação dessa prática é um indício lamentável do papel meramente burocrático e ornamental a que muitas vezes são reduzidas as exigências da carreira acadêmica. Monografias, dissertações e teses, que deveriam ser o resultado da dedicação aos estudos e à pesquisa, se transformam em simples formalidades para a obtenção de títulos que facilitam a inserção dos estudantes no mercado de trabalho.
Ainda que a venda desse tipo de trabalhos não seja caracterizada como crime, recorrer a esse gênero de comércio é uma atitude imoral e fraudulenta. Cabe principalmente aos professores dificultar a vida de estudantes que recorrem a expedientes dessa ordem. Afinal, é de supor que uma banca de mestrado ou doutorado que realize sua arguição de modo criterioso seja capaz de detectar se o estudante é ou não o verdadeiro responsável pelo trabalho apresentado.


Texto Anterior: Editoriais: REVOLTA NA FRANÇA
Próximo Texto: Buenos Aires - Clóvis Rossi: Quantas missas vale Paris?
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.