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FRAUDE ESCOLAR
Embora não chegue a ser uma
novidade, é deplorável a comercialização fraudulenta de trabalhos
acadêmicos retratada em reportagem publicada ontem por esta Folha. Pagando valores que variam de
acordo com o grau de complexidade
das tarefas, qualquer aluno de pós-graduação pode comprar monografias, dissertações de mestrado e teses
de doutorado confeccionadas por
terceiros sob encomenda.
Em sua maioria, esses trabalhos
são produzidos por profissionais da
área acadêmica, agenciados por pequenas empresas especializadas que
proliferaram, se beneficiando da expansão da internet. Hoje em dia, é fácil encontrar sites que oferecem trabalhos acadêmicos para todos os
perfis de estudantes, aos mais variados preços e sob diversas formas e
condições de pagamento.
O que causa mais espanto é que, ao
que tudo indica, esse ardil muitas vezes garante bons resultados aos alunos, mesmo quando se trata de escolas de reconhecida excelência. Segundo depoimentos, instituições como a FGV do Rio já aprovaram teses
produzidas nesses balcões de venda.
A disseminação dessa prática é um
indício lamentável do papel meramente burocrático e ornamental a
que muitas vezes são reduzidas as
exigências da carreira acadêmica.
Monografias, dissertações e teses,
que deveriam ser o resultado da dedicação aos estudos e à pesquisa, se
transformam em simples formalidades para a obtenção de títulos que facilitam a inserção dos estudantes no
mercado de trabalho.
Ainda que a venda desse tipo de trabalhos não seja caracterizada como
crime, recorrer a esse gênero de comércio é uma atitude imoral e fraudulenta. Cabe principalmente aos
professores dificultar a vida de estudantes que recorrem a expedientes
dessa ordem. Afinal, é de supor que
uma banca de mestrado ou doutorado que realize sua arguição de modo
criterioso seja capaz de detectar se o
estudante é ou não o verdadeiro responsável pelo trabalho apresentado.
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