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São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003

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POR TRÁS DA GREVE

Mais uma vez, os paulistanos são submetidos à chantagem de um grupo de empresários e "sindicalistas" de ônibus que, acreditando-se acima das leis, promove locautes sempre que vê seus interesses contrariados. Desta feita, a paralisação da frota paulistana deixou um saldo de mais de 3,5 milhões de trabalhadores sem transporte por dois dias, o caos no trânsito e mais de cem ônibus depredados.
A razão alegada pelo sindicato é o suposto corte de 10.800 empregos. O fato que parece realmente motivar a greve é o descredenciamento, pela Prefeitura de São Paulo, de nove viações no último sábado. Há uma diferença entre uma paralisação legítima pela manutenção do emprego e um movimento violento que visa principalmente à manutenção desses empresários à frente do transporte público paulistano.
A greve, como quase todas as paralisações que ocorrem no setor, descumpriu determinação da Justiça do Trabalho para que os serviços essenciais -80% da frota nos horários de pico- fossem mantidos.
Há indícios a sugerir que a ação de alguns desses grupos não se paute pelo pleno respeito à legalidade. A atitude de descredenciar empresas parece correta, mas talvez insuficiente, como se vê pela reação dos demais membros do cartel de ônibus.
Já é hora de partir para ações mais decididas, que não estão restritas ao âmbito da prefeitura. É hora de investigar, com auxílio da Polícia Civil, da Polícia Federal e da Receita Federal os indícios de irregularidades fiscais, financeiras e outras que esses grupos poderiam estar praticando.
São os rigores da lei a melhor arma contra o gangsterismo que ameaça, em diversos setores da vida nacional, dilapidar os poderes constituídos do Estado brasileiro. É inadmissível que toda uma cidade se torne refém de um grupo de empresários e "sindicalistas" cujos interesses, nem sempre confessáveis, foram contrariados.


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