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POR TRÁS DA GREVE
Mais uma vez, os paulistanos
são submetidos à chantagem
de um grupo de empresários e "sindicalistas" de ônibus que, acreditando-se acima das leis, promove locautes sempre que vê seus interesses
contrariados. Desta feita, a paralisação da frota paulistana deixou um
saldo de mais de 3,5 milhões de trabalhadores sem transporte por dois
dias, o caos no trânsito e mais de
cem ônibus depredados.
A razão alegada pelo sindicato é o
suposto corte de 10.800 empregos. O
fato que parece realmente motivar a
greve é o descredenciamento, pela
Prefeitura de São Paulo, de nove viações no último sábado. Há uma diferença entre uma paralisação legítima
pela manutenção do emprego e um
movimento violento que visa principalmente à manutenção desses empresários à frente do transporte público paulistano.
A greve, como quase todas as paralisações que ocorrem no setor, descumpriu determinação da Justiça do
Trabalho para que os serviços essenciais -80% da frota nos horários de
pico- fossem mantidos.
Há indícios a sugerir que a ação de
alguns desses grupos não se paute
pelo pleno respeito à legalidade. A
atitude de descredenciar empresas
parece correta, mas talvez insuficiente, como se vê pela reação dos demais membros do cartel de ônibus.
Já é hora de partir para ações mais
decididas, que não estão restritas ao
âmbito da prefeitura. É hora de investigar, com auxílio da Polícia Civil,
da Polícia Federal e da Receita Federal os indícios de irregularidades fiscais, financeiras e outras que esses
grupos poderiam estar praticando.
São os rigores da lei a melhor arma
contra o gangsterismo que ameaça,
em diversos setores da vida nacional,
dilapidar os poderes constituídos do
Estado brasileiro. É inadmissível que
toda uma cidade se torne refém de
um grupo de empresários e "sindicalistas" cujos interesses, nem sempre
confessáveis, foram contrariados.
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