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CLÓVIS ROSSI
Tudo pelo avesso
WASHINGTON - Já citei mais de uma vez o velho sábio que habita esta Folha e sua avaliação de que viveu o suficiente para ver tudo acontecer e seu contrário também.
Se estivesse aqui em Washington,
para acompanhar a assembléia do
Fundo Monetário Internacional, ficaria mais que convencido de que é
de fato assim.
Antonio Palocci Filho, um ex-trotskista convertido em ministro da Fazenda do primeiro governo de esquerda (ao menos na pia batismal)
da história da República, dirá ao
Fundo que "a casa está em ordem",
conforme contou à Folha.
Até um ano atrás, Palocci e seus
companheiros do PT gostariam era
de queimar a casa (não a própria,
mas o prédio do número 700 da rua
19, ocupado pelo FMI).
Técnicos e diretores do Fundo, por
sua vez, adorariam assar todos os petistas e, com eles, qualquer ortodoxo
que se animasse a sugerir uma pequena mexida que fosse nas sugestões arquiconvencionais que o FMI
faz.
Agora, Horst Koeller, o diretor-gerente do Fundo, diz que Luiz Inácio
Lula da Silva é um "socialista maduro", conforme a expressão que usou
em conversa também com esta Folha
na Embaixada do Brasil em Paris há
uns dois meses.
Por isso mesmo, o FMI está igualmente "maduro" para aceitar que a
"casa está em ordem".
Em ordem para quem, caras pálidas? Ah, ah, aposto que você pensou
que eu fosse citar o deputado Babá
ou a senadora Heloísa Helena para
mostrar que nem todo mundo no PT
acha que está tudo em ordem. Não,
para provar que o velho sábio da Folha tem razão, cito um empresário
que, ao contrário do ex-trotskista Palocci, vê, sim, problemas:
"O Brasil não está tão bem assim.
Temos de fazer alguma coisa para
ajustar a economia brasileira para
que ela volte a crescer, gerar empregos e principalmente distribuir renda", afirmou anteontem o vice-presidente José Alencar, que nunca foi
trotskista nem pensou jamais em incinerar o FMI.
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