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São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Tudo pelo avesso

WASHINGTON - Já citei mais de uma vez o velho sábio que habita esta Folha e sua avaliação de que viveu o suficiente para ver tudo acontecer e seu contrário também.
Se estivesse aqui em Washington, para acompanhar a assembléia do Fundo Monetário Internacional, ficaria mais que convencido de que é de fato assim.
Antonio Palocci Filho, um ex-trotskista convertido em ministro da Fazenda do primeiro governo de esquerda (ao menos na pia batismal) da história da República, dirá ao Fundo que "a casa está em ordem", conforme contou à Folha.
Até um ano atrás, Palocci e seus companheiros do PT gostariam era de queimar a casa (não a própria, mas o prédio do número 700 da rua 19, ocupado pelo FMI).
Técnicos e diretores do Fundo, por sua vez, adorariam assar todos os petistas e, com eles, qualquer ortodoxo que se animasse a sugerir uma pequena mexida que fosse nas sugestões arquiconvencionais que o FMI faz.
Agora, Horst Koeller, o diretor-gerente do Fundo, diz que Luiz Inácio Lula da Silva é um "socialista maduro", conforme a expressão que usou em conversa também com esta Folha na Embaixada do Brasil em Paris há uns dois meses.
Por isso mesmo, o FMI está igualmente "maduro" para aceitar que a "casa está em ordem".
Em ordem para quem, caras pálidas? Ah, ah, aposto que você pensou que eu fosse citar o deputado Babá ou a senadora Heloísa Helena para mostrar que nem todo mundo no PT acha que está tudo em ordem. Não, para provar que o velho sábio da Folha tem razão, cito um empresário que, ao contrário do ex-trotskista Palocci, vê, sim, problemas:
"O Brasil não está tão bem assim. Temos de fazer alguma coisa para ajustar a economia brasileira para que ela volte a crescer, gerar empregos e principalmente distribuir renda", afirmou anteontem o vice-presidente José Alencar, que nunca foi trotskista nem pensou jamais em incinerar o FMI.


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