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São Paulo, quarta-feira, 09 de abril de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Padrão de tolerância

BRASÍLIA - O Brasil teve apenas três presidentes eleitos pelo voto direto depois do fim do regime militar: Collor (em 1989), FHC (em 1994 e em 1998) e Lula (em 2002).
O desempenho de todos nos três primeiros meses foi semelhante. Lula começou um pouco melhor. Continua assim, conforme pesquisa Datafolha publicada hoje.
Antes da posse, 76% dos brasileiros achavam que o petista faria um governo bom ou ótimo. Hoje, com Lula instalado no Palácio do Planalto, o percentual desceu para 43%.
Antes da posse, Collor tinha 71% de "bom" e "ótimo". Caiu para 36% depois de três meses. FHC saiu de 70% e foi para 39% num período semelhante de seu primeiro mandato.
O que esses números demonstram? Que o brasileiro adotou um padrão de tolerância. Não espera muito de seus presidentes em início de mandato. Mas essa lhaneza de espírito não garante tranquilidade futura.
Collor acabou perdendo o cargo. FHC se reelegeu, mas passou o segundo mandato inteiro andando de lado -o tucano nunca teve mais do que 31% de "bom" e "ótimo", além de ter fracassado ao tentar fazer o seu sucessor no ano passado.
É certo que dias mais difíceis virão para Lula. Dada a juventude da democracia brasileira, não é possível dizer quando acabará a paciência dos eleitores. Como Collor perdeu o mandato, a única comparação possível é com FHC.
Com o real valendo US$ 1, o frango barato e a classe média se refestelando em Miami, FHC teve popularidade alta, acima de 30%, durante seu primeiro mandato. Chegou a 47% de "bom" e "ótimo" em dezembro de 96. Uma marca considerável ainda não atingida por Lula.
Hoje, olhando para trás, fica fácil dizer que FHC foi bem por causa do real. No caso de Lula, o governo investe na área social. Boa aposta. Resta saber se o Fome Zero terá músculos para rivalizar com o real em termos de satisfação popular.


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