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FERNANDO RODRIGUES
Padrão de tolerância
BRASÍLIA - O Brasil teve apenas três
presidentes eleitos pelo voto direto
depois do fim do regime militar: Collor (em 1989), FHC (em 1994 e em
1998) e Lula (em 2002).
O desempenho de todos nos três primeiros meses foi semelhante. Lula começou um pouco melhor. Continua
assim, conforme pesquisa Datafolha
publicada hoje.
Antes da posse, 76% dos brasileiros
achavam que o petista faria um governo bom ou ótimo. Hoje, com Lula
instalado no Palácio do Planalto, o
percentual desceu para 43%.
Antes da posse, Collor tinha 71% de
"bom" e "ótimo". Caiu para 36% depois de três meses. FHC saiu de 70% e
foi para 39% num período semelhante de seu primeiro mandato.
O que esses números demonstram?
Que o brasileiro adotou um padrão
de tolerância. Não espera muito de
seus presidentes em início de mandato. Mas essa lhaneza de espírito não
garante tranquilidade futura.
Collor acabou perdendo o cargo.
FHC se reelegeu, mas passou o segundo mandato inteiro andando de lado
-o tucano nunca teve mais do que
31% de "bom" e "ótimo", além de ter
fracassado ao tentar fazer o seu sucessor no ano passado.
É certo que dias mais difíceis virão
para Lula. Dada a juventude da democracia brasileira, não é possível dizer quando acabará a paciência dos
eleitores. Como Collor perdeu o mandato, a única comparação possível é
com FHC.
Com o real valendo US$ 1, o frango
barato e a classe média se refestelando em Miami, FHC teve popularidade alta, acima de 30%, durante seu
primeiro mandato. Chegou a 47% de
"bom" e "ótimo" em dezembro de 96.
Uma marca considerável ainda não
atingida por Lula.
Hoje, olhando para trás, fica fácil
dizer que FHC foi bem por causa do
real. No caso de Lula, o governo investe na área social. Boa aposta. Resta saber se o Fome Zero terá músculos para rivalizar com o real em termos de satisfação popular.
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