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São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2003

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CLÓVIS ROSSI

Felicidade nacional bruta

SÃO PAULO - A revista britânica "The Economist", no número que acaba de sair, mergulha num assunto fascinante, que poderia ser traduzido assim: a relação entre PIB (Produto Interno Bruto, medida da renda de um país) e felicidade.
O tema surgiu de uma série de exposições feitas neste ano na London School of Economics para tentar entender um paradoxo: embora as economias desenvolvidas tenham ficado mais ricas, "na média, as pessoas na América, na Europa e no Japão, não estão mais satisfeitas com a parte que lhes toca do que estavam nos anos 50".
Há várias explicações que o espaço não permite nem resumir. A que mais chama a atenção é a que diz que os norte-americanos, em especial, trabalham muito, exatamente para aumentar a renda, mas têm, comparativamente, menos lazer.
É curiosa a comparação entre dois dados de uma mesma pesquisa feita com estudantes da Universidade Harvard. Quando questionados o que preferiam, ganhar US$ 50 mil por ano enquanto outros ganhariam a metade, ou ganhar US$ 100 mil enquanto outros ganhariam o dobro, a maioria preferiu ganhar menos desde que fosse mais que os outros.
Segunda pergunta: entre duas semanas de férias quando os outros teriam apenas uma ou quatro semanas de folga contra oito para os outros, ficaram com as quatro. Ou seja, preferem ganhar menos, desde que seja mais que o resto, mas preferem folgar mais.
O coordenador do trabalho conclui que "a performance norte-americana é superior se julgada apenas pelo PIB. Mas o PIB é uma medida insuficiente de bem-estar econômico. Felicidade demanda lazer tanto quanto consumo material. Os americanos podem ser mais ricos que os europeus, mas serão mais felizes?".
À falta de diferenças essenciais entre modelos a serem seguidos, eis um estudo sobre o qual vale a pena pelo menos meditar.


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