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CLÓVIS ROSSI
Felicidade nacional bruta
SÃO PAULO - A revista britânica "The Economist", no número que
acaba de sair, mergulha num assunto fascinante, que poderia ser traduzido assim: a relação entre PIB (Produto Interno Bruto, medida da renda
de um país) e felicidade.
O tema surgiu de uma série de exposições feitas neste ano na London
School of Economics para tentar entender um paradoxo: embora as economias desenvolvidas tenham ficado
mais ricas, "na média, as pessoas na
América, na Europa e no Japão, não
estão mais satisfeitas com a parte que
lhes toca do que estavam nos anos
50".
Há várias explicações que o espaço
não permite nem resumir. A que
mais chama a atenção é a que diz
que os norte-americanos, em especial, trabalham muito, exatamente
para aumentar a renda, mas têm,
comparativamente, menos lazer.
É curiosa a comparação entre dois
dados de uma mesma pesquisa feita
com estudantes da Universidade
Harvard. Quando questionados o
que preferiam, ganhar US$ 50 mil
por ano enquanto outros ganhariam
a metade, ou ganhar US$ 100 mil enquanto outros ganhariam o dobro, a
maioria preferiu ganhar menos desde que fosse mais que os outros.
Segunda pergunta: entre duas semanas de férias quando os outros teriam apenas uma ou quatro semanas
de folga contra oito para os outros, ficaram com as quatro. Ou seja, preferem ganhar menos, desde que seja
mais que o resto, mas preferem folgar
mais.
O coordenador do trabalho conclui
que "a performance norte-americana é superior se julgada apenas pelo
PIB. Mas o PIB é uma medida insuficiente de bem-estar econômico. Felicidade demanda lazer tanto quanto
consumo material. Os americanos
podem ser mais ricos que os europeus, mas serão mais felizes?".
À falta de diferenças essenciais entre modelos a serem seguidos, eis um
estudo sobre o qual vale a pena pelo
menos meditar.
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