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São Paulo, sábado, 09 de agosto de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

O futuro dos fundos

BRASÍLIA - O Brasil tem 360 fundos fechados de previdência complementar. Desses, 90 são de patrocínio estatal. Juntos, privados e estatais, acumulam um espetacular patrimônio de R$ 208 bilhões -14% do PIB.
Os fundos de pensão complementar são a grande reserva de poupança e de desenvolvimento do país. Haverá um reforço desse conceito com a aprovação da reforma da Previdência.
Futuros servidores públicos terão suas aposentadorias acima de R$ 2.400 garantidas por fundos de pensão complementar. Serão todos "de natureza pública".
Duas perguntas principais estão no ar: 1) quem vai fiscalizar a montanha de dinheiro a ser coletada pelos novos fundos? e 2) qual o significado exato da expressão "de natureza pública"? Ainda não há respostas.
Hoje, a fiscalização dos 360 fundos de pensão está com a Secretaria de Previdência Complementar (SPC), sob o comando do advogado e professor da FGV Adacir Reis, especialista em previdência e ex-assessor do então deputado Luiz Gushiken na CPI dos Fundos de Pensão, em 95/96.
Sobre fiscalização, Reis diz que o objetivo "é avançar no fortalecimento da SPC". Ainda é um tabu no governo Lula falar em transformar a secretaria em uma agência, com mandato para seus diretores.
Como os 180 integrantes da SPC poderão, com eficácia e força, fiscalizar os fundos, atuais e futuros, no Brasil inteiro? Cedo ou tarde, esse assunto terá de ser enfrentado.
Sobre a "natureza pública" dos fundos, Reis diz apenas que o termo está sendo estudado.
Uma interpretação livre permite inferir que a palavra "pública" se refira ao fato de o patrocinador ser o Estado. Como os beneficiários são privados (os servidores do governo), talvez seja possível escapar de licitações e de outras regras rígidas exigidas de organizações estatais. É óbvio que os sindicatos do funcionalismo defenderão um entendimento oposto.
Preparem-se todos para a guerra sangrenta sobre o significado da expressão "natureza pública".


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