![]() São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006 |
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CLÓVIS ROSSI Inteligência SÃO PAULO - Alguém deveria
providenciar um estudo sobre a devastação que o poder exerce sobre o
bom senso das pessoas que o ocupam.
O governador Cláudio Lembo é
perfeito para um estudo de caso.
Pessoa séria, preparada, modesta,
sem futuras ambições políticas, enfim o tipo do sujeito do qual seria
possível esperar sensatez, no mínimo, na análise dos fatos.
No entanto, na entrevista que a
Folha publicou ontem, Lembo é
um poço profundo de tergiversação
e non-sense. Neste capítulo, se diz
forte pela solidariedade que São
Paulo e a polícia têm lhe dado.
Meu Deus do céu, quem disse que
o governador precisa de solidariedade? Não é ele o alvo dos ataques, a
não ser que tenha baixado em Lembo o espírito messiânico que assola
o presidente Lula com freqüência.
Mais: é fácil sentir-se forte com um
bando de seguranças em volta, com
transporte assegurado em quaisquer circunstâncias. Quem precisa
de solidariedade é a população, a
verdadeira vítima dos ataques.
Aliás, mais que solidariedade,
precisa é de segurança, precisa de
ação da polícia que Lembo supostamente comanda para restabelecer o
direito de ir e vir e o direito à vida
ameaçados cotidianamente.
Mas que ação pode ter a polícia se
seu chefe Lembo diz ter sido surpreendido pelos ataques? "Estávamos aguardando alguma situação
nova em torno do Dia dos Pais, mas
não achávamos que seria já. E houve essa surpresa na noite de ontem
[segunda-feira]", afirmou.
Caramba, se o governo tem "as
escutas todas", como diz Lembo,
como pode ser surpreendido? Ou
não as tem ou são precárias ou o
aparelho de segurança não sabe
usar as informações delas advindas.
Fica claríssimo, na terceira onda,
como na primeira e na segunda, como todo dia, que a tal de inteligência de que tanto se fala só existe de
um lado, o da criminalidade.
Azar nosso. |
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