São Paulo, terça, 9 de setembro de 1997.



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Barrigas de aluguel

ELIANE CANTANHÊDE

Brasília - O PTB teve 16,8% dos votos em 1950. Getúlio Vargas se suicidou.
O PDC teve 2,1% em 60. Jânio Quadros renunciou.
O PTB teve 28,4% na mesma eleição. Sucessor de Jânio, Jango foi deposto.
O PRN teve 8,2% em 89. Fernando Collor caiu.
O levantamento foi feito pelo vice-presidente nacional do pequeno PPS, o paulista João Herrmann, e serve como alerta para quem tenta inventar um candidato alternativo à Presidência da República, qualquer que seja, sem lastro partidário.
"Como você pode governar sem partido?", indaga Herrmann. "É como operar sem bisturi."
Com ele concorda José Genoino, do PT. Na sua opinião, um partido de esquerda tem de ter programa, respaldo na sociedade e presença nacional, antes de disputar a Presidência.
"Estão criando um problema para o PT, mas nem por isso introduzindo uma alternativa real", diz.
Herrmann e Genoino estão se referindo, é claro, às articulações para fazer do ex-governador Ciro Gomes a "terceira via" da sucessão presidencial, concorrendo pelo PSB e agregando segmentos de esquerda e de centro.
O PSB tem os governadores Miguel Arraes (PE) e João Capiberibe (AP), dois senadores, 13 deputados federais e três prefeitos de capitais (Belo Horizonte, Maceió e Natal).
O partido vem se insinuando, devagar e sempre. Pretende confrontar o governo e gerar uma opção ao PT, que não acerta o passo; ao PDT, que anda para trás; e ao PPS, que aceita saltar para uma fusão.
Simplesmente lançar Ciro Gomes é virar uma nova barriga de aluguel, como já acusou Brizola e temem Herrmann e Genoino. Viabilizar a médio prazo um novo partido pode ser um fato novo relevante.
Mas tem de ser logo. Faltam 24 dias para o prazo final de troca de partido.

O deputado Aloysio Nunes Ferreira mostrou ontem a representantes do Planalto e de cinco ministérios o parecer que formaliza amanhã sobre direito autoral. O assunto merece todos os holofotes.





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