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O PT SEM GABEIRA
O anúncio feito pelo deputado
Fernando Gabeira de que pretende abandonar o PT é mais um sinal da metamorfose por que vem
passando o partido. Se o PT da campanha presidencial, disposto a ampliar suas alianças políticas e a aplacar as desconfianças do mercado, já
abrandava as tonalidades mais estridentes de seu passado de esquerda,
uma vez no governo o processo de
mudança acentuou-se.
Diante da evidência de que os preceitos econômicos esgrimidos em
outros tempos contra o "neoliberalismo" não eram muito mais do que
"bravatas" (para usar a expressão do
próprio presidente), restou ao petismo eleito, na ausência de formulação mais consistente, repetir as receitas da administração anterior.
"Deserção", na visão de alguns militantes, ou "boa surpresa", na avaliação dos mercados, o fato é que a
política econômica adotada, embora
evidentemente superior ao amontoado de sandices outrora repetido pela
militância esquerdista, mostrou-se
bastante conservadora, imprimindo
à nova gestão uma marca de centro-direita. Era de esperar que, para contrastá-la, o governo sustentasse alguns compromissos históricos do
PT não apenas na área social mas em
outras, como a ambiental.
Na prática, não é o que tem acontecido. Para a frustração na área social
tem contribuído, até aqui, a gritante
falta de planejamento e a inépcia demonstrada por alguns ministérios.
Quanto às bandeiras ambientais, fica
a impressão de que também elas
eram "bravatas" -úteis para apedrejar a vidraça de governos anteriores,
mas secundárias uma vez conquistado o poder. A confirmar-se, a saída
de Gabeira, com tudo o que ele simboliza na militância ambientalista,
apenas tornaria mais concreto e realista o perfil do novo PT.
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