|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CLÓVIS ROSSI
As vergonhas de antes e de agora
SÃO PAULO - Informa o "Painel"
desta Folha que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva não queria encontrar-se com Fernando Collor de
Mello durante o enterro do deputado
José Carlos Martinez para não deixar
escancarado o fato de que uma boa
parte da "tropa de choque" collorida
é hoje integrante da base do governo
Lula.
Eu tenho imensa curiosidade em
saber se o presidente adotaria idêntico comportamento em relação a uma
hipotética foto ao lado (ou perto) da
senadora Heloísa Helena (AL), da
deputada Luciana Genro (RS) ou de
qualquer outro(a) dos mal chamados
radicais do PT.
Não creio, a menos que Lula tenha
mudado muito mais do que dá a entender o seu governo. Pode-se achar o
que quiser das idéias e propostas da
esquerda petista. Loucos, incendiários, o diabo.
Mas idéias, por malucas que alguns
possam considerá-las, não envergonham ninguém. Ao contrário: é precisamente o debate democrático de
idéias que faz crescer um partido, um
governo, um país.
O que envergonha são atitudes,
comportamentos, no governo ou no
setor privado. Nesse capítulo, Heloísa
Helena ou Luciana Genro ou qualquer outro dos "radicais" agora sob
processo no PT não têm de que se envergonhar -até onde se sabe.
Já dos atuais companheiros de viagem do presidente é difícil afirmar o
mesmo, a julgar pelo que o próprio
Lula e todos os seus íntimos disseram
a respeito da "tropa de choque"
collorida. Não foi uma, nem duas,
nem três vezes. Passaram anos desancando essa turma -não apenas
do ponto de vista ideológico mas
também ético.
Diz muito sobre o governo o fato de
que seu chefe e seus aliados mais próximos jamais se envergonharam de
posar para fotos com as helenas e lucianas, mas se escondem agora de
seus neo-aliados.
Texto Anterior: Editoriais: O RISCO SCHWARZENEGGER
Próximo Texto: Brasília - Eliane Cantanhêde: Os dispensáveis, parte 2 Índice
|