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FERNANDO RODRIGUES
Pantomina no Congresso
BRASÍLIA - Com oito anos de atraso, o deputado Ronivon Santiago deu
ontem um depoimento a uma CPI
que deveria investigar a compra de
votos a favor da emenda da reeleição.
Uma memória rápida. Em 1997,
dois deputados (Ronivon e João
Maia) confessaram em inúmeras
conversas pessoais gravadas terem
vendido o voto por R$ 200 mil em dinheiro. As fitas foram entregues ao
Congresso. Os deputados renunciaram. Escaparam da cassação. FHC
deu cargos e ministérios para o
PMDB. Não houve CPI. Nunca se investigou o fato a sério.
Ronivon falou ontem à CPI do
Mensalão, cuja finalidade é investigar a compra de votos no Congresso
nos últimos anos. A inclusão desse
caso foi uma forma de os petistas
ameaçarem os tucanos. Algo como
"nós sabemos o que vocês fizeram no
verão passado". Era para não dar em
nada. E deu em nada.
É impossível provar se houve acordo entre governo e oposição. Mas há
indícios sobre o curioso desinteresse
dos congressistas pelo assunto:
1) Ronivon (ele tem esse nome artístico porque se considerava, no passado, parecido com o cantor) entrou na
CPI e negou tudo. Nenhum petista de
primeira grandeza apresentou-se para contestá-lo. Aloizio Mercadante
estava mais ocupado tentando impedir a prorrogação dos prazos das outras CPIs em andamento;
2) o relator da CPI do Mensalão,
Ibrahim Abi-Ackel, perguntou sobre
as conversas telefônicas (sic) de Ronivon que atestariam a venda do voto.
Desinformado, esse deputado nem
sequer se deu ao trabalho de fazer o
dever de casa antes do depoimento.
Não houve telefonemas gravados. As
conversas foram pessoais.
Petistas ingênuos salivaram no
meio do escândalo atual quando foi
instalada a CPI do Mensalão. Achavam que iriam "pegar" FHC. Tolos.
Era só jogo político. O PT queria trégua para Lula. Em troca, oferece
mais um atestado de bons antecedentes ao governo tucano.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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