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CLÓVIS ROSSI
Viva a revolução
SÃO PAULO - Como os vencedores invariavelmente escrevem a história,
está se tornando usual no Brasil atacar a esquerda, a derrotada, de uma
forma tão intensa que o desavisado
acreditará que ela é a culpada por todos os males da pátria.
Antes, durante e depois da expulsão do PT, a senadora Heloísa Helena e os deputados Babá e Luciana
Genro viraram saco de pancadas.
Devem ter mil culpas, mas um mínimo de honestidade intelectual obriga
a dizer que não foram eles nem seus
pares de esquerda que construíram a
tristeza que é o Brasil.
O fato é que a esquerda jamais governou este país. Logo, se não é exatamente o país dos sonhos, quem merece críticas é a direita.
Mas, do jeito que está o jogo, dá até
a impressão de que os privilégios do
funcionalismo público é que são os
responsáveis, ainda por cima isolados, da obscena distribuição de renda. Ou é tolice ou é má-fé. Quem goza
de fato de privilégios no Brasil é o capital, entre eles o de pagar pouco ou
nenhum imposto.
No capitalismo de verdade, empresário vai preso quando pratica fraude ou mesmo má gestão. No Brasil,
banqueiro que quebra seu banco
continua livre, leve, solto e rico. Preciso citar nomes?
Não se assuste, meu caro jurássico
que na hora de dormir ainda olha em
baixo da cama à procura de comunistas, não estou propondo estatizar
os meios de produção.
É bem mais simples: cobrar impostos conforme a capacidade de pagamento de cada qual, o que é regra de
ouro do capitalismo, não do socialismo; utilizar os impostos cobrados em
favor de quem de fato precisa, o que
também não é de esquerda; pôr na
cadeia quem comete fraudes usando
seu capital ou o capital alheio; respeitar os contratos não apenas com o capital mas também com os assalariados, públicos ou privados, etc.
Enfim, uma revoluçãozinha burguesa-republicana já estava de bom
tamanho para começar.
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