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IMAGEM E CONTEÚDO
O surpreendente desempenho do senador John Forbes
Kerry nas prévias democratas está
impressionando até a Casa Branca.
De olho em pesquisas de intenção de
voto que colocam o virtual candidato
democrata à sua frente, George W.
Bush abandonou por alguns minutos o confortável pedestal da Presidência para conceder uma entrevista
à TV na qual procurou justificar sua
decisão de ir à guerra contra o Iraque.
A estratégia de Bush foi a de tentar
criar empatia com o eleitor. Especialistas em marketing político afirmam que o presidente tentou parecer sincero e humilde para contrapor-se à imagem de obstinado, que
ganhou terreno após as declarações
do especialista em armas de destruição em massa, David Kay, de que o
Iraque não possuía esse tipo de armamento e que os serviços de inteligência norte-americanos estavam
"quase completamente errados" em
sua avaliação anterior à guerra.
É cedo para dizer se os planos dos
estrategistas eleitorais de Bush lograram êxito. Parece porém que, em termos de conteúdo, o presidente se revelou inconsistente. Como bem observou editorial do jornal "The New
York Times", não respondeu a nenhuma das perguntas que o chamado "norte-americano médio" está se
fazendo. Bush chegou perto de admitir que os serviços secretos estavam errados, mas, por vezes, dava a
impressão de sugerir que as tais armas ainda poderão ser encontradas.
Disse que foi iludido pelos serviços
secretos, mas insistiu que seu amigo
George Tenet, diretor da CIA, está fazendo um bom trabalho e merece ser
mantido no cargo.
Bush afirmou que, mesmo analisando retrospectivamente, ir à guerra foi um acerto. Disse que Saddam
Hussein era um louco e que representava um perigo para os EUA. Não
explicou, porém, como um louco
sem armas poderia ameaçar o país
mais poderoso da terra.
Numa eleição presidencial que
promete ser disputada, Bush tem a
seu favor o fato de que o eleitor costuma dar mais atenção para a imagem
do que para o conteúdo.
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