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O MERGULHO DA ÁGUIA
Os indicadores econômicos
norte-americanos continuam
piorando, produzindo um cenário
de declínio justamente quando o governo dos EUA está em vias de reafirmar seu poderio global.
Em fevereiro, foram fechados postos de trabalho nos Estados Unidos
com uma intensidade que não se via
desde os atentados de 11 de setembro
de 2001. Na véspera de uma guerra
que parece cada vez mais inevitável, o
desemprego voltou a subir.
A fragilidade da economia norte-americana tem pelo menos um reflexo imediato na ordem global: a desvalorização do dólar frente ao euro.
O fenômeno foi acentuado nos últimos dias, depois de John Snow, secretário do Tesouro, ter declarado
que não está "particularmente preocupado" com a queda do dólar.
Como em qualquer economia, a
desvalorização cambial aumenta os
riscos de inflação. A resposta mais
comum dos bancos centrais é elevar
as taxas de juros. Se isso ocorrer, será
difícil evitar o mergulho da economia norte-americana na recessão.
Nos últimos 12 meses, a desvalorização do dólar frente ao euro é de
20% (11% com relação ao iene).
Há outros sinais preocupantes. O
setor de serviços, que responde por
80% da atividade nos EUA, também
passa por uma desaceleração.
A incerteza gerada pelo clima de
guerra iminente e pelas ameaças terroristas prejudicam de modo direto
as atividades comerciais.
O setor imobiliário também preocupa, especialmente depois que o
presidente do banco central dos
EUA, Alan Greenspan, afirmou que a
"bolha" de construção e venda de casas perderá fôlego ao longo de 2003.
Em janeiro, o consumo dos norte-americanos teve retração pela primeira vez em quatro meses. E a atividade industrial perdeu ritmo.
A imagem de uma águia mergulhando parece hoje adequada para
descrever tanto a ofensiva militar
quanto o número crescente de indicadores que apontam para o declínio
da maior economia do planeta.
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