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VALDO CRUZ
Descompasso
BRASÍLIA - Passado o Carnaval, recomeçam de fato somente agora, em
pleno março, os trabalhos do Congresso no Brasil. Mais de dois meses
perdidos, de quase que total inércia
no campo do Legislativo.
Nesse período, os únicos fatos importantes gerados dentro do Parlamento brasileiro foram muito mais
de interesse dos próprios congressistas do que do país, da população.
Quais sejam: a eleição dos novos
presidentes da Câmara e do Senado,
o processo que levou à renúncia do
deputado Pinheiro Landim e o debate constrangido do grampo baiano.
Num país repleto de carências e de
tantas urgências, dar-se ao luxo de
perder mais de dois meses num ano é
algo inadmissível. Mas acontece. E
não é de hoje, mas desde sempre.
Difícil imaginar uma empresa ou
um trabalhador no Brasil andando
devagar, quase parando, durante
tanto tempo. A empresa quebraria. O
trabalhador estaria na rua.
No caso do Congresso, ele não quebra. Nem fecha. E ainda bem que não
fecha. Porque aí seria muito pior. Afinal, ele é fundamental para a vida do
país, ainda mais com reformas como
a tributária e a previdenciária na ordem do dia.
Reformas que, por sinal, ainda não
estão fechadas. A lógica indica que
elas já deveriam estar no Congresso,
prontas para serem debatidas. O capital político do presidente continua
alto, o que sempre facilita a aprovação de suas propostas.
Tucanos e pefelistas, a nova oposição no Congresso, têm reclamado
dessa demora dos petistas, que preferem um amplo debate antes de fechar
suas reformas constitucionais.
Mas reclamam sem muita razão.
Por que eles não elaboram suas propostas e começam a debatê-las já?
Afinal, há muito que se ouve a queixa de que o Executivo legisla demais.
O Congresso, de menos.
![](http://www.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
Quando as reformas começarem a
ser votadas, Lula corre o risco de ter
menos votos favoráveis no PT do que
na oposição. Para evitar essa catástrofe, a cúpula petista vai fechar
questão dentro do partido. Todo
mundo terá de votar a favor.
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