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CLÓVIS ROSSI
O novo Pedro é pedra
ROMA - Vittorio Zucconi tem as portas do Vaticano abertas para ele e,
por isso, talvez seja o jornalista com
mais chances de conversar com o Espírito Santo, que os católicos acreditam ser quem guia a escolha do papa,
entre outras coisas.
No dia do enterro de João Paulo 2º,
Zucconi conseguiu vaga em uma janela da praça de São Pedro (o que
significa que ficou dentro do Vaticano, o único lugar em que há janelas
que dão para a praça). Tentava inspecionar os rostos e gestos dos cardeais presentes (entre os quais está o
novo papa), para conseguir pistas.
Sua conclusão, francamente exposta
ontem em "La Repubblica": "Os príncipes parecem pedra na pedra" (príncipes da igreja, claro).
Conto essa histórinha primeiro porque Zucconi faz magníficas descrições dos locais a que é admitido, não
raro com exclusividade. Segundo,
porque é a demonstração de que nem
um dos mais íntimos da Igreja Católica tem pistas de quem será o novo
papa -pergunta que alguns leitores
me têm feito, certamente na gozação.
Não há pistas porque:
1 - Os cardeais estão proibidos de
falar no assunto.
2 - Se falam reservadamente é apenas com jornalistas de extrema confiança, que são pouquíssimos.
3 - Se falam entre eles, é pouco, porque só estão se encontrando em bloco
nas reuniões diárias da Congregação
Geral, o governo da Igreja Católica
na transição até o novo papa. E, nesse
caso, só conseguem conversar baixinho com os colegas do lado, o que os
impede de ter uma visão global do
pensamento do colegiado todo.
Fora das reuniões, cada um vai para o seu lado. Aí, suponho que falem
do conclave, mas, de novo, são grupos
pequenos.
Tudo somado, fique o leitor sabendo que toda e qualquer lista de "papabili" é palpite. Ponto. Às vezes, dá
certo. Mas as listas estavam "furadas" nas duas eleições mais recentes,
dos dois João Paulo, em 1978.
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