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IGOR GIELOW
Versões e fatos
BRASÍLIA - A crise envolvendo a quebra do sigilo do caseiro ganhou fôlego. A responsabilidade pode ser atribuída à pesquisa do Datafolha que
mostrou o quadro eleitoral quase
inalterado, não fosse Garotinho.
É um paradoxo. A inépcia tucano-pefelê em fazer decolar seu candidato
fez a questão do crime de Estado contra o caseiro Francenildo voltar à ordem do dia. Estivesse Alckmin uns
cinco pontos ladeira acima, o caso
permaneceria no limbo a que vinha
sendo relegado por quase inanição.
Mas há fato novo. "Doutor Márcio", como é chamado por 10 entre 10
de seus interlocutores o ministro da
Justiça, está enrolado. A versão que
deu aos fatos, fantasiosos ou não, relatados na "Veja", depende de muita
boa vontade para ser crível.
Segundo nota divulgada no sábado, Márcio Thomaz Bastos esteve
presente a uma reunião entre Antonio Palocci Filho (ainda na Fazenda), Jorge Mattoso (ainda na Caixa)
e o advogado Arnaldo Malheiros. Teria ouvido apenas um relato "genérico" sobre a situação.
Até aí, OK. O ministro é um dos melhores criminalistas do país, e não há
crime em um colega de Esplanada
pedir um conselho "genérico".
O problema é que foi ventilada em
Brasília, e não a pedido da oposição,
a versão de que Thomaz Bastos estava convencido da culpa de Palocci
desde o início do episódio e avisou
Lula disso -na segunda anterior à
quinta da reunião na casa do então
ministro da Fazenda.
Isso não será provado. Thomaz
Bastos espertamente nunca declarou
em público quando achou que Palocci era culpado. Portanto, "normal"
dar dicas ao ministro. Mas o fato é
que, próximo de gente graúda da
oposição, tudo indicava que "Doutor
Márcio" seria poupado.
Pode até ser, mas, se não o for, a responsabilidade não será dos fatos, em
"off" ou não, mas da combinação de
incapacidade inicial de Alckmin com
o descolamento de Lula da imundície
que engolfa seu governo.
Surpreso? Como diria um delegado
da PF, por quê? Isso é o Brasil.
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