São Paulo, segunda-feira, 10 de maio de 2004

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MORTES NO TRÂNSITO

Onde no Brasil o trânsito é mais assassino? Errou quem respondeu São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Acertou quem indicou Boa Vista (RR), Palmas (TO) e Porto Velho (RO). De acordo com relatório divulgado pelo Ministério da Saúde, a taxa de mortalidade no trânsito em Boa Vista, a maior do país, é de 48 por 100 mil habitantes ao ano. O índice verificado na cidade de São Paulo (o segundo menor entre as capitais) é de 9,5 por 100 mil.
O número de Boa Vista é escandaloso. Ele é superior à taxa de homicídios do Estado de São Paulo, que é de 42 por 100 mil. Já o índice de mortalidade no trânsito ostentado pela capital paulista parece civilizado. Ele é inferior, por exemplo, ao da média da União Européia (11 por 100 mil).
Antes de comemorar, contudo, convém lembrar que a mortalidade relativamente baixa não é sinônimo de bom comportamento dos motoristas. Tampouco significa que ocorram poucos acidentes em São Paulo. O fenômeno está relacionado à precariedade do fluxo. Os congestionamentos diuturnos da cidade diminuem as possibilidades de que carros desenvolvam velocidades fatais.
É claro que seria algo injusto atribuir apenas à lentidão o bom número paulistano. Não se podem deixar de registrar os esforços das autoridades ao longo dos últimos anos. A obrigatoriedade do uso do cinto de segurança e a redução da velocidade pela instalação de radares tiveram um efeito não-desprezível sobre as taxas não só de mortalidade, mas também de ferimentos.
E é justamente a ausência dos esforços de controle do trânsito, ao lado de uma infra-estrutura precária e das altas velocidades, entre outros fatores, que explica os índices assassinos de capitais da região Norte.
O ranking da mortalidade funciona assim como mais um devastador indício de que precisamos seguir apostando em soluções como radares e lombadas eletrônicas. Mais do que aborrecer motoristas, isso significa preservar vidas humanas.


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