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MORTES NO TRÂNSITO
Onde no Brasil o trânsito é
mais assassino? Errou quem
respondeu São Paulo, Rio de Janeiro
e Belo Horizonte. Acertou quem indicou Boa Vista (RR), Palmas (TO) e
Porto Velho (RO). De acordo com relatório divulgado pelo Ministério da
Saúde, a taxa de mortalidade no trânsito em Boa Vista, a maior do país, é
de 48 por 100 mil habitantes ao ano.
O índice verificado na cidade de São
Paulo (o segundo menor entre as capitais) é de 9,5 por 100 mil.
O número de Boa Vista é escandaloso. Ele é superior à taxa de homicídios do Estado de São Paulo, que é de
42 por 100 mil. Já o índice de mortalidade no trânsito ostentado pela capital paulista parece civilizado. Ele é inferior, por exemplo, ao da média da
União Européia (11 por 100 mil).
Antes de comemorar, contudo,
convém lembrar que a mortalidade
relativamente baixa não é sinônimo
de bom comportamento dos motoristas. Tampouco significa que ocorram poucos acidentes em São Paulo.
O fenômeno está relacionado à precariedade do fluxo. Os congestionamentos diuturnos da cidade diminuem as possibilidades de que carros desenvolvam velocidades fatais.
É claro que seria algo injusto atribuir apenas à lentidão o bom número paulistano. Não se podem deixar
de registrar os esforços das autoridades ao longo dos últimos anos. A
obrigatoriedade do uso do cinto de
segurança e a redução da velocidade
pela instalação de radares tiveram
um efeito não-desprezível sobre as
taxas não só de mortalidade, mas
também de ferimentos.
E é justamente a ausência dos esforços de controle do trânsito, ao lado de uma infra-estrutura precária e
das altas velocidades, entre outros fatores, que explica os índices assassinos de capitais da região Norte.
O ranking da mortalidade funciona
assim como mais um devastador indício de que precisamos seguir apostando em soluções como radares e
lombadas eletrônicas. Mais do que
aborrecer motoristas, isso significa
preservar vidas humanas.
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