São Paulo, quarta-feira, 10 de julho de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

Faltam políticos

BRASÍLIA - Miguel Reale Jr. pediu demissão do Ministério da Justiça. Sentiu-se desprestigiado. Defendeu em público uma intervenção federal no governo estadual do Espírito Santo. FHC apoiou e depois se retraiu sem avisar o ministro. Sem fazer juízo de valor sobre as atitudes do presidente da República e do ministro demissionário, toda vez que um caso desses ocorre em Brasília, fica valendo uma antiga definição de FHC para sua equipe. Para o presidente, há os cachorros e os gatos. Os cachorros são os melhores, fiéis, que acompanham o dono quando ocorre uma mudança de casa. Gatos são os que não estão nem aí para o proprietário e se interessam apenas pelo cargo. Miguel Reale Jr. pertenceria à categoria dos cachorros, a melhor. O problema é que não faz parte de um outro grupo, o dos políticos. Fosse o Brasil a Suécia, um ministro da Justiça como Reale estaria perfeito. Não haveria muito o que pensar e o governo federal certamente faria a intervenção no Espírito Santo. Ocorre que o Brasil é apenas o Brasil. Além de fiéis e leais, os assessores de primeiro escalão de FHC estão obrigados a relevar certas derrapagens do presidente da República. Em resumo, precisam ser políticos. Desde o seu primeiro mandato, FHC se queixa da dificuldade para encontrar quadros. Agora, a menos de seis meses de deixar a cadeira, a situação fica mais dramática. É preciso achar ministeriáveis reconhecidos pela sociedade, bem preparados em suas áreas, probos e políticos. É quase um conjunto vazio esse tipo de qualificação. Essa dificuldade vai se acentuar para o próximo presidente, seja ele quem for. O Brasil estará em situação mais desconfortável do que em 1995, quando FHC assumiu e o Plano Real era um sucesso absoluto.

Cenário especulado e possível. Lula recua para a faixa dos 30%. Garotinho fica na poeira. Serra e Ciro permanecem empatados até o minuto final na faixa próxima dos 20%.



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