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A DANÇA DAS MOEDAS
Após a elevação dos juros nos EUA,
as duas outras principais moedas
globais, o euro e o iene, tornaram-se
alvo de ajustes. O sistema mundial
entra em nova fase de rearranjos.
Ontem o euro sofreu nova pressão
de venda, desvalorizando-se a ponto
de chegar perto da paridade com o
dólar. O iene, não fosse a atuação do
banco central japonês, estaria à beira
de um ciclo de valorização no mercado global. No caso do euro, o estopim da corrida contra a moeda foram
as notícias de que o governo francês
estaria buscando um relaxamento
dos critérios de ajuste fiscal previstos
no Tratado de Maastricht, em especial o teto de 3% do PIB para o déficit
público. As autoridades francesas se
apressaram em negar os boatos, evitando queda maior da moeda européia.
No Japão, têm surgido sinais de recuperação da economia e de expectativas mais favoráveis entre os empresários. O horizonte de maior crescimento poderia levar a uma valorização da moeda japonesa, cenário que
os mercados especulativos antecipam, forçando o governo a vender ienes para evitar a sua valorização.
As cotações das moedas européia e
japonesa evoluem em direções opostas (o euro tende a se desvalorizar, o
iene, a se valorizar). Mas nos dois casos as ações dos governos são decisivas na delimitação das tendências.
Se o iene se valorizar, dificulta as exportações japonesas e a retomada do
crescimento. Se o euro se desvalorizar demais, a UE talvez exporte e
cresça mais, porém pode perder a
confiança dos investidores globais, o
que também dificultaria o seu crescimento.
Os EUA, com juros mais altos, tendem a desacelerar nos próximos meses. Os pólos europeu e asiático tentam promover o crescimento, mas
enfrentam limites financeiros.
As ações dos governos são decisivas, mas continuam insuficientes para criar um horizonte claro e positivo
para o rearranjo econômico global.
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