São Paulo, Sábado, 10 de Julho de 1999
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A DANÇA DAS MOEDAS

Após a elevação dos juros nos EUA, as duas outras principais moedas globais, o euro e o iene, tornaram-se alvo de ajustes. O sistema mundial entra em nova fase de rearranjos.
Ontem o euro sofreu nova pressão de venda, desvalorizando-se a ponto de chegar perto da paridade com o dólar. O iene, não fosse a atuação do banco central japonês, estaria à beira de um ciclo de valorização no mercado global. No caso do euro, o estopim da corrida contra a moeda foram as notícias de que o governo francês estaria buscando um relaxamento dos critérios de ajuste fiscal previstos no Tratado de Maastricht, em especial o teto de 3% do PIB para o déficit público. As autoridades francesas se apressaram em negar os boatos, evitando queda maior da moeda européia.
No Japão, têm surgido sinais de recuperação da economia e de expectativas mais favoráveis entre os empresários. O horizonte de maior crescimento poderia levar a uma valorização da moeda japonesa, cenário que os mercados especulativos antecipam, forçando o governo a vender ienes para evitar a sua valorização.
As cotações das moedas européia e japonesa evoluem em direções opostas (o euro tende a se desvalorizar, o iene, a se valorizar). Mas nos dois casos as ações dos governos são decisivas na delimitação das tendências.
Se o iene se valorizar, dificulta as exportações japonesas e a retomada do crescimento. Se o euro se desvalorizar demais, a UE talvez exporte e cresça mais, porém pode perder a confiança dos investidores globais, o que também dificultaria o seu crescimento.
Os EUA, com juros mais altos, tendem a desacelerar nos próximos meses. Os pólos europeu e asiático tentam promover o crescimento, mas enfrentam limites financeiros.
As ações dos governos são decisivas, mas continuam insuficientes para criar um horizonte claro e positivo para o rearranjo econômico global.


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