São Paulo, Sábado, 10 de Julho de 1999
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O ponto da reforma

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Pelo menos até ontem, a mal chamada reforma ministerial estava no seguinte pé:
1 - Não haverá mesmo grandes mudanças, até porque o presidente jamais falou nisso. Falaram por ele. Mas haverá, sim, alteração na articulação política do governo.
A idéia é criar algo como uma Secretaria de Governo capaz de articular melhor tanto os partidos governistas entre si como os ministros com os partidos e também entre si.
O nome mais forte para tal posto ainda é o de Euclides Scalco, hoje presidente da Itaipu Binacional, um dos políticos mais sérios que jamais conheci. Mas a nomeação de Scalco pressuporia mudanças também na Casa Civil, porque o estilo Clóvis Carvalho não combina com o de Scalco.
Carvalho pode até ficar, mas sem o rótulo de "primeiro-ministro".
2 - O presidente não estava convencido, até recentemente, de que precisava demonstrar que quem manda de fato é ele. Achava que quem escalou, sem ouvir os partidos, a equipe econômica e os ministros da Saúde e da Educação manda por definição.
Mas parece ter se convencido de que, parodiando a mulher de César, não basta mandar, é preciso parecer que manda.
Há quem diga que FHC usará a reforma ministerial para parecer que manda. A conferir.
3 - No mais, muda muito pouca coisa. Talvez Agricultura e Justiça, mas, neste caso, preservando Renan Calheiros de alguma forma.
Lembrete: Delfim Netto (PPB-SP) é um nome de crescente prestígio junto de FHC e já foi ministro da Agricultura, no início do governo Figueiredo.
4 - Tampouco muda a correlação de forças na coalizão governista. O presidente está convencido de que não faz o menor sentido livrar-se, por exemplo, do PMDB, ainda mais em um momento de baixa popularidade.


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