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O ponto da reforma
CLÓVIS ROSSI
São Paulo - Pelo menos até ontem, a
mal chamada reforma ministerial estava no seguinte pé:
1 - Não haverá mesmo grandes mudanças, até porque o presidente jamais falou nisso. Falaram por ele. Mas
haverá, sim, alteração na articulação
política do governo.
A idéia é criar algo como uma Secretaria de Governo capaz de articular
melhor tanto os partidos governistas
entre si como os ministros com os partidos e também entre si.
O nome mais forte para tal posto
ainda é o de Euclides Scalco, hoje presidente da Itaipu Binacional, um dos
políticos mais sérios que jamais conheci. Mas a nomeação de Scalco pressuporia mudanças também na Casa
Civil, porque o estilo Clóvis Carvalho
não combina com o de Scalco.
Carvalho pode até ficar, mas sem o
rótulo de "primeiro-ministro".
2 - O presidente não estava convencido, até recentemente, de que precisava demonstrar que quem manda de
fato é ele. Achava que quem escalou,
sem ouvir os partidos, a equipe econômica e os ministros da Saúde e da
Educação manda por definição.
Mas parece ter se convencido de que,
parodiando a mulher de César, não
basta mandar, é preciso parecer que
manda.
Há quem diga que FHC usará a reforma ministerial para parecer que
manda. A conferir.
3 - No mais, muda muito pouca coisa. Talvez Agricultura e Justiça, mas,
neste caso, preservando Renan Calheiros de alguma forma.
Lembrete: Delfim Netto (PPB-SP) é
um nome de crescente prestígio junto
de FHC e já foi ministro da Agricultura, no início do governo Figueiredo.
4 - Tampouco muda a correlação de
forças na coalizão governista. O presidente está convencido de que não faz o
menor sentido livrar-se, por exemplo,
do PMDB, ainda mais em um momento de baixa popularidade.
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