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As azêmolas de FHC
FERNANDO RODRIGUES
Brasília - Chame um tucano para
discutir a globalização e você terá horas de papo furado. Mas, quando o assunto é prático, aí os tucanos não querem nem saber.
É o caso da instalação da Ford na
Bahia. Até os transeuntes do viaduto
do Chá dariam importância ao tema
se soubessem que a segunda maior
montadora do planeta desejava vir
para o Brasil.
Não o governo tucano. Primeiro,
houve um desdém total para as tentativas do governador do Rio Grande do
Sul, Olívio Dutra (PT), que buscava
um entendimento com a montadora
norte-americana.
Quando a vaca do petista Olívio Dutra foi para o brejo, era possível identificar risinhos de canto de boca em alguns tucanos em Brasília.
A Ford então escolheu a Bahia. Os
baianos fizeram o óbvio: buscaram incentivos federais para a montadora.
Por duas vezes o deputado José Carlos
Aleluia (PFL-BA) esteve com o ministro do Desenvolvimento, Celso Lafer.
Não ouviu nada que indicasse obstáculos intransponíveis.
Essa hesitação da equipe econômica
criou um problemão para FHC: ou
hostilizava ACM ou mantinha a Ford
na Bahia, passando a imagem de fraco. Deu a lógica. FHC mandou dizer
ontem que a Ford fica na Bahia.
Lafer, Pedro Malan (Fazenda), Pedro Parente (Planejamento) e Clóvis
Carvalho (Casa Civil) tinham a obrigação de ter evitado que a situação
chegasse aonde chegou.
Mas onde estavam os tucanos e a
equipe econômica durante a negociação da Ford com a Bahia? Onde estava
Celso Lafer, que não tinha o direito de
ficar sem pensar no assunto nem um
dia sequer? Lafer estava na Cimeira,
frequentando coquetéis.
Fique claro, portanto, que a crise
ACM-Ford, vencida até agora pelo
baiano, foi gerada pela inépcia do governo. E os patronos foram as azêmolas da equipe econômica.
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