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INCÔMODO PAPEL
A Corregedoria Geral da
União é fruto direto de um estilo que marcou a gestão do presidente
Fernando Henrique Cardoso: a reação a fatos de ressonância na mídia.
Daquela feita, abril do ano passado, a
criação da Corregedoria foi uma resposta aos que acusavam FHC de
"abafar" a investigação de escândalos que pudessem comprometer pessoas ligadas ao governo.
Como quase tudo o que é feito à socapa, a Corregedoria nasceu esquizofrênica. Não se sabia ao certo até
onde iriam suas responsabilidades,
pois, para fiscalizar o Executivo, já há
o Legislativo, o Tribunal de Contas e
o Ministério Público. Mas o "pecado" fundamental era o de sua credibilidade. Sem a necessária autonomia em relação ao Executivo, como
acreditar que o órgão iria até o fim
nas investigações e que o faria, sempre, com absoluta isenção?
Agora, o órgão dirigido por Anadyr
Rodrigues -que foi indicada para o
cargo por FHC, apoiador de José Serra- passa por um teste de fogo que,
a depender de como for conduzido,
pode recuperar a sua imagem ou
afundá-la irremediavelmente. Trata-se da suspeita de que, sob a direção
de Paulo Pereira da Silva, a Força Sindical malversou recursos do Fundo
de Amparo ao Trabalhador. Pereira
da Silva é candidato a vice-presidente
na chapa de Ciro Gomes.
A Corregedoria, baseando-se em
inquérito da Secretaria Federal de
Controle, disse que encontrou irregularidades no caso da Força Sindical. O interesse público e, é claro, o
do eleitorado é o de que se esclareça o
caso o mais rapidamente possível e
sem que se denote favorecimento para este ou aquele candidato.
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