São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

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INCÔMODO PAPEL

A Corregedoria Geral da União é fruto direto de um estilo que marcou a gestão do presidente Fernando Henrique Cardoso: a reação a fatos de ressonância na mídia. Daquela feita, abril do ano passado, a criação da Corregedoria foi uma resposta aos que acusavam FHC de "abafar" a investigação de escândalos que pudessem comprometer pessoas ligadas ao governo.
Como quase tudo o que é feito à socapa, a Corregedoria nasceu esquizofrênica. Não se sabia ao certo até onde iriam suas responsabilidades, pois, para fiscalizar o Executivo, já há o Legislativo, o Tribunal de Contas e o Ministério Público. Mas o "pecado" fundamental era o de sua credibilidade. Sem a necessária autonomia em relação ao Executivo, como acreditar que o órgão iria até o fim nas investigações e que o faria, sempre, com absoluta isenção?
Agora, o órgão dirigido por Anadyr Rodrigues -que foi indicada para o cargo por FHC, apoiador de José Serra- passa por um teste de fogo que, a depender de como for conduzido, pode recuperar a sua imagem ou afundá-la irremediavelmente. Trata-se da suspeita de que, sob a direção de Paulo Pereira da Silva, a Força Sindical malversou recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador. Pereira da Silva é candidato a vice-presidente na chapa de Ciro Gomes.
A Corregedoria, baseando-se em inquérito da Secretaria Federal de Controle, disse que encontrou irregularidades no caso da Força Sindical. O interesse público e, é claro, o do eleitorado é o de que se esclareça o caso o mais rapidamente possível e sem que se denote favorecimento para este ou aquele candidato.


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