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DIÁLOGO COREANO
É uma boa notícia a de que Coréia do Sul e do Norte vão retomar o diálogo depois de uma interrupção de 18 meses. Um encontro
ministerial está marcado para a próxima semana. A fronteira entre os
dois países permanece uma das mais
militarizadas do mundo, e a oposição entre Seul e Pyongyang é considerada por muitos como a última ferida aberta da Guerra Fria.
Na verdade, esses últimos 18 meses
de tensão é que constituem a anomalia, pois, desde 2000, os dois países
vinham se reaproximando num processo que parecia consistente. O diálogo entre as duas nações valeu a
Kim Dae-jung, o presidente sul-coreano, o Nobel da Paz de 2000.
O diálogo foi rompido pouco depois dos atentados de 11 de setembro, quando os EUA endureceram
suas posições em relação ao Norte
comunista, que é acusado por Washington de produzir armas de destruição em massa, e o Sul reforçou
seus efetivos militares na fronteira.
Nesse período de tensões, os dois
países chegaram a participar de uma
escaramuça naval que deixou um saldo de 18 marinheiros mortos.
É mais um percalço lamentável que
deve ser creditado a George W. Bush
e à sua convicção de que os EUA lideram a "guerra do bem contra o mal".
Mas a lógica que vinha determinando a reaproximação entre as duas
Coréias permanece essencialmente
inalterada: o Norte precisa desesperadamente do auxílio. A situação
econômica é tão caótica que o país
enfrenta fome há vários anos. E é
uma fome severa. Segundo alguns
cálculos, 2 milhões de norte-coreanos (cerca de 10% da população) teriam morrido de causas relacionadas
à desnutrição entre 1995 e 1998. Estimativas mais conservadoras falam
em 1 milhão de mortos.
O quadro na Coréia do Norte é tão
desolador que Pyongyang possivelmente acabará capitulando ante
Seul, num processo não muito diferente do que levou a antiga Alemanha Ocidental a incorporar a sua
contraparte Oriental. Para que isso
ocorra, entretanto, será preciso que
George W. Bush não atrapalhe.
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