São Paulo, sábado, 10 de agosto de 2002

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FERNANDO RODRIGUES

O futuro nunca chega para Serra

BRASÍLIA - José Serra está 16 pontos atrás de Ciro Gomes, segundo o Ibope. O tucano tem 11%, empatado numericamente com Garotinho. Ciro está com 27%.
Aliados fiéis e alguns marqueteiros tucanos diziam há uma semana que o ideal seria essa diferença entre Serra e Ciro não ser maior do que dez pontos até a véspera da propaganda eleitoral de rádio e TV.
Agora, todos estão calados. Reduzir de 16 para 9 pontos a diferença até o dia 19 significaria que Serra teria de conquistar, a partir de hoje, 0,7 ponto percentual a mais a cada 24 horas. Ou, para ficar mais claro, 807 mil votos por dia. É muito difícil.
O problema do tucano é que o futuro previsto por seus aliados nunca chega. Em dezembro do ano passado, os jornalistas eram obrigados a ouvir que bastaria Serra declarar-se candidato para que logo pontuasse bem nas pesquisas.
Em seguida, diziam que, depois de se lançar na campanha presidencial, Serra deslancharia se saísse de uma vez do Ministério da Saúde. Ele saiu.
Fora do ministério, seria importante Serra fechar de uma vez a aliança com o PMDB.
Fechada a aliança, era fundamental escolher uma candidata, mulher, a vice-presidente. Aí, sim, Serra desencantaria.
Nomeada Rita Camata, falou-se então da necessidade de colocar a campanha nas ruas e usar as propagandas de TV.
Agora, o "santo graal" tucano é o horário eleitoral, que começa no dia 20. Serra tem o dobro do tempo dos adversários. Terá condições de se firmar, alegam os aliados tucanos.
É possível uma reversão de tendência? Difícil responder. O eleitorado teria de ter um "estalo de razão", na visão panglossiana tucana, e resolver votar em massa em Serra. Como esta campanha tem sido marcada por fatos imprevistos, é melhor esperar para ver -apesar de imperar um clima de velório em grande parte dos comitês do candidato do PSDB.



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