São Paulo, segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Editoriais

editoriais@uol.com.br

Conclusão apressada

EM ANÁLISE recente, com base na Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) avaliou que as políticas adotadas pelo Brasil estariam sendo bem-sucedidas na tentativa de evitar que a crise econômica se traduza no aumento da desigualdade e da pobreza.
O grau de concentração de rendimentos entre os trabalhadores foi mais baixo durante a crise econômica, entre outubro de 2008 e junho deste ano, quando comparado ao período entre outubro de 2007 e junho de 2008. Além disso, a proporção de pessoas pobres (com rendimento médio familiar per capita inferior a meio salário mínimo) no contingente total pesquisado também recuou.
Para o Ipea, tal desempenho parece refletir as medidas anticíclicas de estímulo à atividade econômica e de proteção à renda dos mais pobres, como o aumento do salário-mínimo e dos benefícios do Bolsa Família.
Em que pese o acerto de tais políticas, é bom frisar que os indicadores são parciais, uma vez que se referem exclusivamente às regiões urbanas do país.
Além disso, a pesquisa se baseia nas rendas provenientes do trabalho, deixando de fora os ganhos das chamadas atividades rentistas, como aplicações financeiras nos bancos, associadas justamente aos mais ricos.
Mais do que isso, como o próprio instituto reconhece, menor desigualdade entre os rendimentos dos empregados não equivale a melhora das condições do mercado, já que pode refletir sobretudo o desemprego de trabalhadores com salários mais altos.
De fato, o primeiro semestre de 2009 registrou queda de 5% nos empregos da indústria -exatamente o setor que tende a concentrar rendimentos mais altos.


Texto Anterior: Editoriais: Novos ventos
Próximo Texto: São Paulo - Rogério Gentile: A gente vai levando
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.