|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Conclusão apressada
EM ANÁLISE recente, com base na Pesquisa Mensal de
Emprego do IBGE, o Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) avaliou que as políticas adotadas pelo Brasil estariam sendo bem-sucedidas na
tentativa de evitar que a crise
econômica se traduza no aumento da desigualdade e da pobreza.
O grau de concentração de rendimentos entre os trabalhadores
foi mais baixo durante a crise
econômica, entre outubro de
2008 e junho deste ano, quando
comparado ao período entre outubro de 2007 e junho de 2008.
Além disso, a proporção de pessoas pobres (com rendimento
médio familiar per capita inferior a meio salário mínimo) no
contingente total pesquisado
também recuou.
Para o Ipea, tal desempenho
parece refletir as medidas anticíclicas de estímulo à atividade
econômica e de proteção à renda
dos mais pobres, como o aumento do salário-mínimo e dos benefícios do Bolsa Família.
Em que pese o acerto de tais
políticas, é bom frisar que os indicadores são parciais, uma vez
que se referem exclusivamente
às regiões urbanas do país.
Além disso, a pesquisa se baseia nas rendas provenientes do
trabalho, deixando de fora os ganhos das chamadas atividades
rentistas, como aplicações financeiras nos bancos, associadas
justamente aos mais ricos.
Mais do que isso, como o próprio instituto reconhece, menor
desigualdade entre os rendimentos dos empregados não equivale
a melhora das condições do mercado, já que pode refletir sobretudo o desemprego de trabalhadores com salários mais altos.
De fato, o primeiro semestre
de 2009 registrou queda de 5%
nos empregos da indústria -exatamente o setor que tende a concentrar rendimentos mais altos.
Texto Anterior: Editoriais: Novos ventos Próximo Texto: São Paulo - Rogério Gentile: A gente vai levando Índice
|