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CRISE NA VENEZUELA
Não parece exagero afirmar
que a Venezuela está a um passo da ruptura institucional. A greve
geral convocada pelos oposicionistas entra já em sua segunda semana,
e as perspectivas de um acordo que
possa pôr fim ao impasse não são
nada animadoras. Ao contrário, há
sinais de que o conflito esteja se acirrando. Tiroteios em Caracas já produziram mortes, e o presidente Hugo Chávez afirma que poderá retomar "manu militari" a produção de
petróleo, que está parcialmente paralisada. A população teme o desabastecimento e, por isso, corre para supermercados e postos de gasolina.
Os opositores, que começaram exigindo a realização de referendo sobre a permanência de Chávez no comando do país, agora reclamam a renúncia do presidente. Mas Chávez
ainda parece ter o apoio de alguns
dos setores mais pobres da população bem como parece manter o controle sobre os principais comandantes das Forças Armadas.
Chávez é certamente um líder populista. No passado, liderou uma
fracassada tentativa de golpe militar.
Mas ele se tornou o legítimo presidente da Venezuela pela via eleitoral.
Seus opositores, por sua vez, já demonstraram, com a tentativa de golpe de abril passado, que não hesitam
em romper a legalidade para fazer
valer seus pontos de vista. Como têm
quase toda a imprensa venezuelana a
seu lado, aparecem como vítimas de
um ditador sanguinário, o que parece estar longe da verdade.
Chávez falhou em seu dever de conduzir o país a uma reconciliação nacional. Mesmo que sobreviva a essa
crise, terá grandes dificuldades políticas para governar.
O melhor que países como o Brasil
podem fazer para ajudar a Venezuela
neste momento é desempenhar um
papel mais ativo de mediação internacional. É preciso encontrar uma
fórmula para que ambos os lados
concordem com um modo não-violento e legalista de superar a crise.
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