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NOVOS VENTOS?
Numa surpreendente reviravolta política, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, poderá perder as eleições do próximo
dia 28, para as quais era tido como
franco favorito até a semana passada, antes de virem a público novas
acusações ligando o premiê e seus
dois filhos a um escândalo de financiamento ilegal de campanha.
O Likud, partido de direita liderado
por Sharon, despontava em todas as
sondagens como o detentor de uma
vantagem esmagadora. Algumas semanas atrás, pesquisas davam ao Likud 40 das 120 cadeiras do Knesset
(Parlamento). Os trabalhistas, rivais
históricos do Likud, apareciam com
menos de 20 assentos. Essa distância
vinha, por diversas razões, se reduzindo até que, na semana passada, o
partido do premiê apareceu com 31
cadeiras, contra 22 dos trabalhistas.
Nesta semana, porém, depois que
o jornal "Haaretz" informou que
Sharon teria mentido sobre a origem
de US$ 1,5 milhão com os quais devolveu doações de campanha consideradas ilegais, a diferença entre as
duas agremiações caiu para apenas
três cadeiras. O Likud surge com 27
assentos, contra 24 dos trabalhistas.
Sharon havia dito que hipotecara sua
fazenda para levantar o US$ 1,5 milhão, mas revela-se agora que seus filhos, já envolvidos em denúncias de
corrupção, teriam recebido a quantia
de um empresário sul-africano.
É possível que o Likud caia ainda
mais, pois as novas acusações contra
Sharon foram divulgadas há apenas
quatro dias e ainda deverão produzir
muitos desdobramentos.
A hipótese, que há pouco parecia
impensável, de o líder trabalhista, o
general pacifista Amram Mitzna, tornar-se premiê deixa de soar como
ficção. E Mitzna propõe retomar as
conversações de paz com os palestino a partir do ponto em que foram
suspensas, dois anos atrás.
Surge, assim, a perspectiva de que
ocorram mudanças no impasse que
marca as relações entre israelenses e
palestinos. A prudência, porém, recomenda boa dose de ceticismo.
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