São Paulo, sábado, 11 de janeiro de 2003

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NOVOS VENTOS?

Numa surpreendente reviravolta política, o primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, poderá perder as eleições do próximo dia 28, para as quais era tido como franco favorito até a semana passada, antes de virem a público novas acusações ligando o premiê e seus dois filhos a um escândalo de financiamento ilegal de campanha.
O Likud, partido de direita liderado por Sharon, despontava em todas as sondagens como o detentor de uma vantagem esmagadora. Algumas semanas atrás, pesquisas davam ao Likud 40 das 120 cadeiras do Knesset (Parlamento). Os trabalhistas, rivais históricos do Likud, apareciam com menos de 20 assentos. Essa distância vinha, por diversas razões, se reduzindo até que, na semana passada, o partido do premiê apareceu com 31 cadeiras, contra 22 dos trabalhistas.
Nesta semana, porém, depois que o jornal "Haaretz" informou que Sharon teria mentido sobre a origem de US$ 1,5 milhão com os quais devolveu doações de campanha consideradas ilegais, a diferença entre as duas agremiações caiu para apenas três cadeiras. O Likud surge com 27 assentos, contra 24 dos trabalhistas. Sharon havia dito que hipotecara sua fazenda para levantar o US$ 1,5 milhão, mas revela-se agora que seus filhos, já envolvidos em denúncias de corrupção, teriam recebido a quantia de um empresário sul-africano.
É possível que o Likud caia ainda mais, pois as novas acusações contra Sharon foram divulgadas há apenas quatro dias e ainda deverão produzir muitos desdobramentos.
A hipótese, que há pouco parecia impensável, de o líder trabalhista, o general pacifista Amram Mitzna, tornar-se premiê deixa de soar como ficção. E Mitzna propõe retomar as conversações de paz com os palestino a partir do ponto em que foram suspensas, dois anos atrás.
Surge, assim, a perspectiva de que ocorram mudanças no impasse que marca as relações entre israelenses e palestinos. A prudência, porém, recomenda boa dose de ceticismo.


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