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RACISMO POLICIAL
É revoltante a história da
morte do dentista Flávio Ferreira Sant'Ana, ao que tudo indica assassinado por policiais militares em
São Paulo. O episódio é emblemático
dos piores e mais arraigados vícios
da polícia paulista.
Para começar, Sant'Ana morreu
porque era negro. Como tinha a cor
"errada", foi abordado por policiais.
Como muitos supõem que todo negro é potencialmente um bandido,
Sant'Ana foi identificado por uma
testemunha como o ladrão que acabara de assaltá-lo. E como "bandido
bom é bandido morto", Sant'Ana
acabou sendo baleado.
Os absurdos não param por aí. Segundo os policiais acusados de ter
matado Sant'Ana, o jovem dentista
reagiu à bala à abordagem e morreu
no tiroteio. Sant'Ana foi "encontrado" com a a carteira da vítima do assalto no bolso e uma arma na mão.
Todavia, o próprio comando da PM
duvida da versão dos policiais. Ao
que tudo indica, os acusados forjaram a cena. Aplicaram ao dentista o
chamado "kit assassino", a arma extra utilizada para simular casos de resistência seguida de morte.
Aparentemente, a simulação só
não deu certo porque Sant'Ana era
um profissional com diploma de
curso superior. Não seria verossímil
que estivesse praticando assaltos à
mão armada. Era, por assim dizer, o
negro "errado". Para agravar o quadro, três dos cinco PMs envolvidos já
foram alvo de denúncias em histórias semelhantes. Se uma investigação mais completa tivesse sido realizada, e os policiais, afastados, o jovem dentista talvez estivesse vivo.
Se quisermos resumir o episódio
sem meias-palavras, podemos dizer,
pelos indícios reunidos, que um jovem negro perdeu a vida porque
inadvertidamente se deparou com
policiais racistas que atiram antes de
perguntar e ainda falsificam provas
para tentar escapar impunes. Lamentavelmente, não estamos diante
de uma exceção. Todos os anos,
muitos "suspeitos" são mortos de
forma semelhante no Brasil.
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