São Paulo, quarta-feira, 11 de fevereiro de 2004

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CLÓVIS ROSSI

Já cansou, presidente

SÃO PAULO - A pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes feita pelo Instituto Sensus mostra, acima de tudo, uma coisa: o público está se cansando, mais e mais, do discurso oco, redundante, óbvio do presidente da República.
Mês a mês, desde agosto, vem caindo a avaliação positiva do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Do pico registrado, como é natural, em janeiro de 2003 (mês da posse), na altura de 56,6%, passou-se agora, em janeiro de 2004, a um tiquinho menos do que 40% que cravam positivo.
Já são mais (40,6%) os que julgam o governo apenas regular -embora na margem de erro. Há quem goste do regular, mas não passa de medíocre. Não dá para dizer que a pesquisa surpreenda quando se lê o falatório vazio de Lula, dia após dia. Ontem, de novo. Na inauguração da Expo Fome Zero, em São Paulo, o presidente constatou o que qualquer um com pelo menos um olho já sabe faz séculos:
"Moldou-se (no Brasil) uma bem azeitada máquina de desigualdade social", disse.
Perfeito. Mas é o que o PT passou a vida dizendo. Agora, que está no poder, dizer não basta. Não basta o presidente garantir (de novo, aliás) que acabar com a fome é questão de tempo, "de pouco tempo".
É preciso fazer. Com essa política econômica covarde, pró-mercado financeiro em vez de ser pró-sociedade, é, no mínimo, improvável que se vá a algum lugar.
Ou melhor, pode até convencer meia dúzia com os vários programas equivalentes a "sopões" para os excluídos. Mas o Brasil continuará a ser uma sociedade tremendamente desigual, tremendamente subdesenvolvida. Com alguma sorte, ficará de pé apenas a estabilidade, que já dá sinais de trincamento.
A pesquisa CNT/Sensus mostra que o distinto público começa a se cansar desse falatório.


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