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CLÓVIS ROSSI
Já cansou, presidente
SÃO PAULO - A pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes feita
pelo Instituto Sensus mostra, acima
de tudo, uma coisa: o público está se
cansando, mais e mais, do discurso
oco, redundante, óbvio do presidente
da República.
Mês a mês, desde agosto, vem caindo a avaliação positiva do governo
Luiz Inácio Lula da Silva. Do pico registrado, como é natural, em janeiro
de 2003 (mês da posse), na altura de
56,6%, passou-se agora, em janeiro
de 2004, a um tiquinho menos do que
40% que cravam positivo.
Já são mais (40,6%) os que julgam o
governo apenas regular -embora
na margem de erro. Há quem goste
do regular, mas não passa de medíocre. Não dá para dizer que a pesquisa
surpreenda quando se lê o falatório
vazio de Lula, dia após dia. Ontem,
de novo. Na inauguração da Expo
Fome Zero, em São Paulo, o presidente constatou o que qualquer um
com pelo menos um olho já sabe faz
séculos:
"Moldou-se (no Brasil) uma bem
azeitada máquina de desigualdade
social", disse.
Perfeito. Mas é o que o PT passou a
vida dizendo. Agora, que está no poder, dizer não basta. Não basta o presidente garantir (de novo, aliás) que acabar com a fome é questão de tempo, "de pouco tempo".
É preciso fazer. Com essa política
econômica covarde, pró-mercado financeiro em vez de ser pró-sociedade, é, no mínimo, improvável que se
vá a algum lugar.
Ou melhor, pode até convencer
meia dúzia com os vários programas
equivalentes a "sopões" para os excluídos. Mas o Brasil continuará a
ser uma sociedade tremendamente
desigual, tremendamente subdesenvolvida. Com alguma sorte, ficará de
pé apenas a estabilidade, que já dá
sinais de trincamento.
A pesquisa CNT/Sensus mostra que
o distinto público começa a se cansar
desse falatório.
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