São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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LEIS PARA O FMI

Uma nova fase parece inaugurar-se sob o comando do ministro Roberto Lavagna, na Argentina. O novo titular da Economia obteve do Senado o aval para um dos principais pleitos da comunidade financeira internacional, a eliminação da Lei de Subversão Econômica.
Essa lei contra "graves delitos à economia nacional" regulava o envio de recursos ao exterior e a movimentação de depósitos congelados pelo curralzinho. A Câmara abriu o debate sobre a lei de falências, que também é objeto de críticas do FMI.
O espaço de negociação, no entanto, continua estreito. A pressão do governo sobre os políticos aumenta com o vencimento de compromissos com organismos multilaterais, como o Banco Mundial.
No frágil protocolo que orienta a diplomacia financeira, preservar o relacionamento com as instituições multilaterais é visto como uma garantia mínima de credibilidade, mesmo depois de uma moratória.
Na prática, o governo argentino continua incapaz de cumprir qualquer meta. No caso da emissão de pesos, o banco central já ultrapassou o teto indicado pelo FMI.
Ora, o estouro das metas monetárias é uma decorrência direta da própria fragilidade do sistema bancário.
Quanto mais recursos são sacados dos bancos pelos correntistas, muitas vezes por meio de medidas judiciais, mais o governo é obrigado a injetar pesos nas instituições para evitar uma quebradeira generalizada.
Para o FMI, não há como colocar moeda forte no banco central argentino se não houver garantias de que a emissão de pesos será controlada.
O risco maior é o de prolongar-se o atual círculo vicioso. Ao retirar pesos dos bancos, os correntistas correm para comprar dólares. Isso fragiliza ainda mais a moeda e leva os correntistas a continuamente sacar mais, asfixiando o mercado cambial.


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