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DEMOGRAFIA DA FÉ
Um dos fatos mais marcantes
revelados pelo Censo 2000 é a
diminuição da influência da Igreja
Católica no país. Em 1991, declaravam-se católicos 83,76% da população brasileira. Em 2000, essa proporção caiu para 73,8%. Os grupos que
mais cresceram foram o dos evangélicos, que passaram de 9,05% para
15,45%, e o dos que afirmam não
possuir religião nenhuma, com um
aumento de 4,78% para 7,28%.
A Igreja Católica reconhece a diminuição da proporção de fiéis, mas vê
no fenômeno um lado positivo. Afirma que os que permanecem fiéis seriam mais fiéis. As pessoas já não se
diriam católicas apenas por inércia.
Pelo lado dos evangélicos, explicaria sua ascensão, entre vários outros
fatores, a utilização intensiva de
meios de comunicação de massa,
notadamente a televisão. Fala-se
também que os evangélicos saberiam, ao contrário da Igreja Católica,
dar ao fiel que chega um tratamento
personalizado, que o faz sentir-se
parte de uma comunidade.
Também se louva um suposto aumento da tolerância. Numa sociedade em que a diversidade é mais bem
aceita do que era, as pessoas se sentem livres para abraçar a religião com
a qual mais se identificam. Já não haveria um peso tão grande em romper
com a tradição. O expressivo aumento do grupo dos que não se identificam com nenhuma religião seria
uma prova da validade dessa tese.
Essas explicações, bem como outras, que incluem até fluxos migratórios, parecem razoáveis. Fenômenos
complexos como o da religiosidade
certamente possuem várias causas.
O fundamental, em todo caso, é
que o Brasil oferece ao mundo um
exemplo de convivência respeitosa
entre as religiões. Para que permaneça nessa rota, é importante que o Estado se mantenha laico, até para garantir com maior isenção a liberdade
e a pluralidade dos cultos.
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