São Paulo, sábado, 11 de maio de 2002

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DEMOGRAFIA DA FÉ

Um dos fatos mais marcantes revelados pelo Censo 2000 é a diminuição da influência da Igreja Católica no país. Em 1991, declaravam-se católicos 83,76% da população brasileira. Em 2000, essa proporção caiu para 73,8%. Os grupos que mais cresceram foram o dos evangélicos, que passaram de 9,05% para 15,45%, e o dos que afirmam não possuir religião nenhuma, com um aumento de 4,78% para 7,28%.
A Igreja Católica reconhece a diminuição da proporção de fiéis, mas vê no fenômeno um lado positivo. Afirma que os que permanecem fiéis seriam mais fiéis. As pessoas já não se diriam católicas apenas por inércia.
Pelo lado dos evangélicos, explicaria sua ascensão, entre vários outros fatores, a utilização intensiva de meios de comunicação de massa, notadamente a televisão. Fala-se também que os evangélicos saberiam, ao contrário da Igreja Católica, dar ao fiel que chega um tratamento personalizado, que o faz sentir-se parte de uma comunidade.
Também se louva um suposto aumento da tolerância. Numa sociedade em que a diversidade é mais bem aceita do que era, as pessoas se sentem livres para abraçar a religião com a qual mais se identificam. Já não haveria um peso tão grande em romper com a tradição. O expressivo aumento do grupo dos que não se identificam com nenhuma religião seria uma prova da validade dessa tese.
Essas explicações, bem como outras, que incluem até fluxos migratórios, parecem razoáveis. Fenômenos complexos como o da religiosidade certamente possuem várias causas.
O fundamental, em todo caso, é que o Brasil oferece ao mundo um exemplo de convivência respeitosa entre as religiões. Para que permaneça nessa rota, é importante que o Estado se mantenha laico, até para garantir com maior isenção a liberdade e a pluralidade dos cultos.


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