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A ESCOLHA DA META
Voltam a circular propostas de
revisão da meta de inflação para
2006, hoje fixada em 4,5%. Para discutir a validade da proposição, é preciso retomar brevemente a trajetória
das metas fixadas pelo governo.
Desde que a foi anunciada, em junho de 2003, a meta de limitar a 4,5%
a inflação em 2005 foi por muitos
-entre os quais esta Folha- considerada por demais ambiciosa. Isso
porque a alta violenta do dólar observada no segundo semestre de 2002
desatara um repique inflacionário
cuja reversão tenderia a demandar
mais tempo. A infactibilidade da meta foi reforçada, a seguir, pela forte
alta dos preços das commodities iniciada em meados de 2003.
Em setembro de 2004, o Banco
Central reconheceu a necessidade de
rever a meta para 2005, mas o fez de
forma tímida, anunciando um objetivo apenas ligeiramente menos ambicioso, de 5,1%. É em nome desse
objetivo que há meses a taxa de juros
básica vem sendo sistematicamente
elevada. E, como se sabe, a despeito
disso a inflação observada e aquela
esperada pelo mercado vêm se mantendo acima desse nível.
Hoje o mercado projeta que a inflação fechará 2005 pouco abaixo de
6,5%. Admitindo que essa projeção
se revele correta, limitar a alta dos
preços em 2006 a 4,5% poderá ser, de
novo, um alvo pouco realista.
É preciso lembrar que itens que respondem por quase 30% do IPCA (o
índice de preços que baliza a política
de metas de inflação) têm seus reajustes, por força contratual, vinculados à inflação observada nos 12 meses anteriores. Esse fator "inercial"
dificulta muito o esforço de reduzir a
taxa de maneira rápida.
Desde que anunciado e administrado com a devida cautela, um objetivo
mais realista poderia facilitar a redução da taxa Selic -abrindo espaço
para o alívio das pressões e distorções que os juros altos têm imposto à
atividade produtiva, aos setores endividados e à cotação do câmbio.
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