São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A ESCOLHA DA META

Voltam a circular propostas de revisão da meta de inflação para 2006, hoje fixada em 4,5%. Para discutir a validade da proposição, é preciso retomar brevemente a trajetória das metas fixadas pelo governo.
Desde que a foi anunciada, em junho de 2003, a meta de limitar a 4,5% a inflação em 2005 foi por muitos -entre os quais esta Folha- considerada por demais ambiciosa. Isso porque a alta violenta do dólar observada no segundo semestre de 2002 desatara um repique inflacionário cuja reversão tenderia a demandar mais tempo. A infactibilidade da meta foi reforçada, a seguir, pela forte alta dos preços das commodities iniciada em meados de 2003.
Em setembro de 2004, o Banco Central reconheceu a necessidade de rever a meta para 2005, mas o fez de forma tímida, anunciando um objetivo apenas ligeiramente menos ambicioso, de 5,1%. É em nome desse objetivo que há meses a taxa de juros básica vem sendo sistematicamente elevada. E, como se sabe, a despeito disso a inflação observada e aquela esperada pelo mercado vêm se mantendo acima desse nível.
Hoje o mercado projeta que a inflação fechará 2005 pouco abaixo de 6,5%. Admitindo que essa projeção se revele correta, limitar a alta dos preços em 2006 a 4,5% poderá ser, de novo, um alvo pouco realista.
É preciso lembrar que itens que respondem por quase 30% do IPCA (o índice de preços que baliza a política de metas de inflação) têm seus reajustes, por força contratual, vinculados à inflação observada nos 12 meses anteriores. Esse fator "inercial" dificulta muito o esforço de reduzir a taxa de maneira rápida.
Desde que anunciado e administrado com a devida cautela, um objetivo mais realista poderia facilitar a redução da taxa Selic -abrindo espaço para o alívio das pressões e distorções que os juros altos têm imposto à atividade produtiva, aos setores endividados e à cotação do câmbio.


Texto Anterior: Editoriais: ARTICULAÇÃO DIFÍCIL
Próximo Texto: Editoriais: TRÁFEGO PESADO

Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.