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TRÁFEGO PESADO
Faz sentido a decisão da Prefeitura de São Paulo de abrandar
o decreto que limita o horário de entrega de mercadorias em estabelecimentos de grande porte.
Pelo texto original, atacadistas, supermercados, shopping centers,
postos de combustível, hospitais,
concessionárias e outros pontos assemelhados só poderiam receber e
enviar carga entre 22h e 6h aos dias
de semana. Aos sábados, essa atividade ficaria limitada ao período das
14h à meia-noite. Agora, poderá haver carga e descarga para esse tipo de
comércio no período diurno desde
que sejam usados caminhões pequenos, de até 5,5 m de comprimento.
Entregas de emergência em hospitais também ficam liberadas.
A restrição à circulação de caminhões proposta pela administração
do prefeito José Serra (PSDB) poderá
trazer algum alívio ao difícil trânsito
da capital paulista, mas nem por isso
precisa transformar-se num cavalo
de batalha. A tentativa de civilizar o
trânsito não deve de modo algum inviabilizar atividades comerciais. Não
é por outra razão que pequenos estabelecimentos já haviam sido poupados na versão original do decreto. É
positivo que o setor atingido tenha
sido ouvido e alterações, negociadas.
O entendimento permite antever
maior adesão aos novos horários.
Não se pode, contudo, perder de
vista que a medida é um mero paliativo. A meta da prefeitura antes do
abrandamento era retirar 5.800 dos
cerca de 200 mil caminhões que circulam diariamente pela cidade
(2,9%). A maioria dos motoristas
mal perceberia o alívio.
A restrição só faz sentido, portanto, no contexto de uma estratégia
mais geral para dar fluência ao tráfego, que precisa incluir, além de desestímulos à circulação de carros
particulares, investimentos em infra-estrutura, como corredores de ônibus, metrô e a construção do anel
viário, que, este sim, livraria São Paulo de parte dos caminhões que hoje
ajudam a congestionar as marginais
e outras artérias da cidade.
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