São Paulo, quarta-feira, 11 de maio de 2005

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TRÁFEGO PESADO

Faz sentido a decisão da Prefeitura de São Paulo de abrandar o decreto que limita o horário de entrega de mercadorias em estabelecimentos de grande porte.
Pelo texto original, atacadistas, supermercados, shopping centers, postos de combustível, hospitais, concessionárias e outros pontos assemelhados só poderiam receber e enviar carga entre 22h e 6h aos dias de semana. Aos sábados, essa atividade ficaria limitada ao período das 14h à meia-noite. Agora, poderá haver carga e descarga para esse tipo de comércio no período diurno desde que sejam usados caminhões pequenos, de até 5,5 m de comprimento. Entregas de emergência em hospitais também ficam liberadas.
A restrição à circulação de caminhões proposta pela administração do prefeito José Serra (PSDB) poderá trazer algum alívio ao difícil trânsito da capital paulista, mas nem por isso precisa transformar-se num cavalo de batalha. A tentativa de civilizar o trânsito não deve de modo algum inviabilizar atividades comerciais. Não é por outra razão que pequenos estabelecimentos já haviam sido poupados na versão original do decreto. É positivo que o setor atingido tenha sido ouvido e alterações, negociadas. O entendimento permite antever maior adesão aos novos horários.
Não se pode, contudo, perder de vista que a medida é um mero paliativo. A meta da prefeitura antes do abrandamento era retirar 5.800 dos cerca de 200 mil caminhões que circulam diariamente pela cidade (2,9%). A maioria dos motoristas mal perceberia o alívio.
A restrição só faz sentido, portanto, no contexto de uma estratégia mais geral para dar fluência ao tráfego, que precisa incluir, além de desestímulos à circulação de carros particulares, investimentos em infra-estrutura, como corredores de ônibus, metrô e a construção do anel viário, que, este sim, livraria São Paulo de parte dos caminhões que hoje ajudam a congestionar as marginais e outras artérias da cidade.


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