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FERNANDO RODRIGUES
A cúpula
BRASÍLIA - Nesta semana, o mundo comemora os 60 anos da vitória sobre os nazistas na Segunda Guerra
Mundial. A Alemanha inaugurou o
seu Memorial do Holocausto. Este
mês também é marcado pelo aniversário da criação do Estado de Israel.
Nesta mesma semana, o Brasil produziu uma cúpula de países árabes
(a maioria esmagadora não-democrática) e sul-americanos (cuja qualificação é desnecessária). Prevaleceu
um discurso anti-Israel explícito. Caneladas indiretas nos EUA e o lançamento de um possível bloco comercial entre Mercosul e países do Golfo.
É cedo para julgar o efeito desse tipo de encontro. O presidente Lula
voltou a repetir seu bordão sobre
criar uma "nova geografia econômica e comercial" para o planeta.
Tomada apenas pelo seu valor de
face, a cúpula de Lula tem o mérito
de reunir representantes de países
que dificilmente se avistam. Esse é
um dos objetivos da diplomacia, embora não o único.
Na democracia, como na política,
não adianta fazer reunião se tudo
não foi acertado antes. Ontem, a Argentina, principal parceiro do Brasil,
deu demonstrações de que as relações
entre ambos continua fria, para dizer
o mínimo. O presidente Néstor Kirchner bocejou na cerimônia de abertura, levantou-se para falar ao celular
na frente de todos os convidados e
deu o fora antes do final do dia.
Os diplomatas dirão que a Argentina compareceu e assinou a declaração conjunta da cúpula. OK. Só que a
vida real mostra o Mercosul doente.
Não adianta anunciar novos acordos
com árabes enquanto o vizinho mais
próximo reclama pelos cantos.
Mas Lula não está nem aí. Fez a cúpula e viaja pelo mundo. Na semana
que vem, parte para a Coréia e o Japão. O PT se desespera. "Tem de demitir o Aldo Rebelo antes de ir para o
Japão", ouvia-se ontem dos deputados da sigla. Talvez não dê tempo.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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