São Paulo, terça-feira, 11 de junho de 2002

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ELEITOR BEM-HUMORADO

O Datafolha revelou estado de ânimo dos eleitores que não se coaduna com as notícias ruins da economia brasileira. Nesse terreno, as intenções de voto em José Serra e a popularidade de Fernando Henrique Cardoso subiram; a preferência por Luiz Inácio Lula da Silva caiu.
No estrato dos que consideram a administração FHC ótima ou boa, Serra teve um de seus melhores desempenhos. Vale lembrar que a fatia de ótimo/bom de FHC (31%) continua sendo maior que a preferência por Serra (21%) e que apenas 50% do eleitorado sabe que o ex-ministro da Saúde é o candidato apoiado pelo presidente da República. Em tese, Serra ainda dispõe de espaço para crescer nesse segmento.
Anthony Garotinho demonstra que, se tem dificuldades para crescer, também dificilmente cai de patamar. Desde dezembro, o ex-governador do Rio se situa na faixa que vai dos 15% aos 18%. Já Ciro Gomes obteve o seu percentual mais baixo desde o final do ano passado (11%).
Lula, apesar da queda de três pontos, ainda desfruta de boa vantagem sobre os demais concorrentes. Com 40% da preferência, obteve 25% na pesquisa espontânea (contra 27% na sondagem anterior). Mas a sua rejeição aumentou e voltou a se situar na casa dos 30% - nível semelhante ao apurado em meados de 98, quando disputava o Planalto contra FHC.
Causam surpresa e são difíceis de explicar algumas respostas do eleitorado sobre as perspectivas da economia. De acordo com o Datafolha, diminuiu a parcela dos que acham que a inflação vá subir e que o desemprego vá aumentar; aumentou a dos que prevêem crescimento de seu poder de compra. Isso se dá após semanas de turbulência financeira e após uma sucessão de notícias ruins sobre queda na renda do trabalhador, desemprego e baixa atividade econômica.
Seja qual for a explicação para esse comportamento do eleitorado, não parece errado atribuir a melhora da popularidade de FHC (que voltou a atingir o ápice do segundo mandato) em alguma medida a essa estranha melhora de humor coletivo.


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