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ELIANE CANTANHÊDE
Nem pior nem melhor
BRASÍLIA - Em 89, Ulysses Guimarães foi eleito candidato do PMDB à Presidência. Ulysses era Ulysses, com
toda a sua história, a dimensão política e a influência no partido, mas o PMDB não deu a menor bola para a
sua campanha e traiu-o sem culpa.
Em 94, o candidato foi Orestes
Quércia. Apesar de tudo, Quércia foi
governador do principal Estado, recordista de voto para o Senado, tinha o controle das "bases". Mas o PMDB
nem esperou o fim do primeiro turno
para cair nos braços do tucano FHC.
Em 98... bem, nem vale a pena gastar tempo e espaço. FHC já entrou em campanha virtualmente eleito, e o
PMDB fez o esperado: foi atrás.
Em 2002, o partido nem terá um
Ulysses, com sua solidez política, nem
um Quércia, com comando efetivo de
massas peemedebistas. Justamente
agora é que teria um candidato próprio para valer, mobilizando cúpulas, bases e eleitorado? Improvável.
De duas, uma: ou o PMDB vai
apoiar um nome da aliança governista (José Serra, de preferência), ou vai repetir-se e lançar um candidato
próprio para ser traído na primeira
esquina. Tudo depende das condições de financiamento acertadas com os parceiros e com o candidato oficial.
A candidatura Jarbas Vasconcelos
(PE), assim, está para o PMDB como
a de Roseana Sarney (MA) para o
PFL. A disputa não é para encabeçar
a chapa governista, mas para negociar bem o espaço nela.
Quanto a Itamar Franco, está certíssimo em ficar no partido. No PDT ou no PL, apenas seguiria os passos
de Leonel Brizola rumo ao ocaso. No
PMDB, mantém a chama da dissidência contra o governo e um palanque forte para dizer o que quiser (até
mesmo na imprensa).
O PMDB governista ganhou bem a
convenção de domingo, como previsto. Mas o oposicionista tem perto de 40%, o que pode dar samba se der rima: a economia degringolar e a popularidade do governo desabar.
Itamar não deixa de ser conveniente até para os próprios governistas do PMDB. Ele está naquela do "quanto
pior, melhor". E se ficar pior mesmo?
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