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São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2003

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RUMSFELD E BUSH

Há apenas seis meses, marines ajudavam iraquianos a derrubar uma estátua de Saddam Hussein no centro de Bagdá. A imagem correu o mundo como sinal de que a guerra acabara. O presidente George W. Bush experimentava elevados índices de popularidade e crescia o prestígio do secretário da Defesa Donald Rumsfeld, um dos principais mentores da operação militar.
Muita coisa mudou desde então. Embora Bush tenha declarado em 1º de maio o fim das principais operações de combate, a guerra claramente não acabou. Grupos guerrilheiros preparam emboscadas quase que diárias para as tropas invasoras. O total de militares norte-americanos mortos no "pós-guerra" supera os óbitos do conflito "oficial".
Para os civis iraquianos, a situação não é muito melhor. Embora uma tirania tenha sido deposta, o país sofre com a falta de ordem, segurança, infra-estrutura e empregos. Os sinais de descontentamento são crescentes. As tentativas de Bush de obter tropas, dinheiro e apoio nas Nações Unidas para a reconstrução do país não têm frutificado. Cada semana de permanência dos 130 mil soldados custa aos EUA US$ 1 bilhão. Bush começa a sentir os ônus políticos. Sua popularidade é a mais baixa já registrada, e os democratas já vêem como reais as chances de vencer o pleito presidencial de 2004.
Nesse cenário, o outrora todo-poderoso Rumsfeld já não parece ser visto como o brilhante estrategista que mudou o modo de fazer a guerra. Ao que consta, vem recebendo sinais de frieza da Casa Branca. Não foi nem consultado por Bush a respeito de mudanças na administração iraquiana criada pelos EUA.
O aparente desprestígio de Rumsfeld, no entanto, não servirá para transferir responsabilidades. No final das contas, será Bush o homem a ser julgado pelos norte-americanos, que dirão nas urnas se o presidente merece ou não um novo mandato.


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