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MENOS ARMAS
O governo dos EUA está coberto de razão ao preocupar-se
com armas de destruição em massa.
É de fato inquietante a perspectiva de
que artefatos nucleares, químicos e
biológicos possam cair em mãos de
terroristas. Essa mesma preocupação, infelizmente, não se repete
quando a questão são as armas leves
de fogo. Muito pelo contrário, os
EUA vêm criando embaraços às tentativas da ONU de limitar o comércio
de armamento de pequeno calibre.
Como mostra relatório assinado
pelas ONGs Anistia Internacional,
Oxfam e Rede Internacional de Ação
contra Armas Leves, esse tipo de instrumento responde por cerca de 500
mil mortes por ano em todo o mundo. Isso equivale a um óbito por minuto. Para efeitos de comparação,
vale lembrar que bombas nucleares
foram empregadas apenas duas vezes na história (e pelos Estados Unidos, consigne-se) e que a utilização
de material químico e biológico também tem sido esporádica. Se o que
importa é o número de mortos produzidos a cada ano, então é o armamento de pequeno porte que deveria
ostentar o pomposo título de "armas
de destruição em massa".
O Brasil, infelizmente, aparece em
lugar de destaque no relatório. Por
aqui, armas de fogo fazem 40 mil vítimas anuais. É uma morte a cada 13
minutos. Com 3% da população
mundial, o país responde por 8% do
total de óbitos. É uma carnificina,
por qualquer ângulo que se analise.
A situação apenas reforça a necessidade de que o Congresso finalmente aprove novas restrições à venda e
ao porte de armas. Esta Folha defende o direito do cidadão possuir arma
em sua casa, mas é partidária de critérios mais rigorosos para o porte e a
venda. Ninguém deve se iludir acreditando que a medida resolverá o
problema da violência, mas é certo
que ela tenderá a reduzir os casos de
assassinatos por motivos fúteis, que
representam uma importante parcela do total de homicídios.
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