|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Executivo x Judiciário
BRASÍLIA - É evidente que a razão das escaramuças trocadas entre o
Executivo e o Judiciário não é a sugestão da ONU de fazer uma inspeção nos tribunais brasileiros.
Qual a credibilidade da ONU no
mundo atual? Cabide de empregos
mundial, cheio de barnabés andando
de sarongue e sem função, o edifício
da organização em Nova York é a
imagem da desmoralização. Boa intenção pós-Segunda Guerra Mundial, a ONU tem fracassado em alguns momentos cruciais -por exemplo, ao não ter conseguido impedir a
recente Guerra do Iraque.
Não seria um relatório da ONU que
macularia -ainda mais- a imagem do Judiciário brasileiro.
O que ocorre no momento é uma
disputa quase infantil entre os presidentes de dois Poderes da República.
Lula se irritou com as atitudes do
presidente do STF, Maurício Corrêa,
durante os debates da reforma da
Previdência na Câmara.
Corrêa defendeu sua corporação.
Lula achou ruim. O clima azedou de
vez quando o presidente da República se recusou a ir até o STF numa cerimônia dias atrás.
Como se não bastasse, o PPS do
Distrito Federal acaba de jogar uma
pitada de política eleitoral nessa fogueira das vaidades. O nome de
Maurício Corrêa está sendo citado
como possível candidato a governador de Brasília, em 2006, para desbancar a endêmica dicotomia local
entre PMDB e PT.
Corrêa só ficará no cargo por mais
alguns meses. Faz 70 anos em maio. É
possível que o clima entre Lula e o Judiciário só melhore quando tomar
posse o próximo presidente do Supremo -será Nelson Jobim.
Mas também não é demais lembrar
que Jobim, às vezes, se expressa mais
como um deputado (que foi no passado) do que como um juiz. E seu nome nunca deixou de compor a lista
de possíveis candidatos ao governo
do Rio Grande do Sul. Ou a presidente, outro desejo seu antigo.
Tem tudo para ser emocionante a
convivência do Planalto com o STF.
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O que é isso, companheiro? Próximo Texto: Rio de Janeiro - Carlos Heitor Cony: Gabeira Índice
|