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São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Executivo x Judiciário

BRASÍLIA - É evidente que a razão das escaramuças trocadas entre o Executivo e o Judiciário não é a sugestão da ONU de fazer uma inspeção nos tribunais brasileiros.
Qual a credibilidade da ONU no mundo atual? Cabide de empregos mundial, cheio de barnabés andando de sarongue e sem função, o edifício da organização em Nova York é a imagem da desmoralização. Boa intenção pós-Segunda Guerra Mundial, a ONU tem fracassado em alguns momentos cruciais -por exemplo, ao não ter conseguido impedir a recente Guerra do Iraque.
Não seria um relatório da ONU que macularia -ainda mais- a imagem do Judiciário brasileiro.
O que ocorre no momento é uma disputa quase infantil entre os presidentes de dois Poderes da República. Lula se irritou com as atitudes do presidente do STF, Maurício Corrêa, durante os debates da reforma da Previdência na Câmara.
Corrêa defendeu sua corporação. Lula achou ruim. O clima azedou de vez quando o presidente da República se recusou a ir até o STF numa cerimônia dias atrás.
Como se não bastasse, o PPS do Distrito Federal acaba de jogar uma pitada de política eleitoral nessa fogueira das vaidades. O nome de Maurício Corrêa está sendo citado como possível candidato a governador de Brasília, em 2006, para desbancar a endêmica dicotomia local entre PMDB e PT.
Corrêa só ficará no cargo por mais alguns meses. Faz 70 anos em maio. É possível que o clima entre Lula e o Judiciário só melhore quando tomar posse o próximo presidente do Supremo -será Nelson Jobim.
Mas também não é demais lembrar que Jobim, às vezes, se expressa mais como um deputado (que foi no passado) do que como um juiz. E seu nome nunca deixou de compor a lista de possíveis candidatos ao governo do Rio Grande do Sul. Ou a presidente, outro desejo seu antigo.
Tem tudo para ser emocionante a convivência do Planalto com o STF.


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