São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002 |
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FERNANDO RODRIGUES Lula e Ciro
BRASÍLIA - Será um governo de experiência e de amadurecimento o de
Lula. Essa é a razão para o presidente
eleito ter decidido há mais de duas
semanas que desejava ter Ciro Gomes (PPS) entre seus ministros
-com todos os riscos inerentes à escolha.
Apesar de toda a experiência anterior, Ciro teve sua prova de fogo neste
ano. Foi candidato com chances reais
de vencer a disputa pelo Palácio do
Planalto. Caiu sozinho.
A frase polêmica sobre o papel de
sua mulher ("dormir comigo") e a
ocasião em que chamou um eleitor
de "burro" tiveram o efeito de uma
auto-implosão.
Em público, ainda não se viu uma
autocrítica de Ciro. Em privado, tudo
indica que isso tenha acontecido. É a
explicação para Lula ter-se fixado
apenas no nome do ex-adversário
quando se trata de chamar alguém
do PPS para o ministério do governo
petista. "O Ciro amadureceu muito",
tem dito o presidente eleito.
A pergunta que fica é: Ciro vai se
controlar na pasta da Integração Nacional? Ou não se furtará a dar opinião a cada mexida na taxa de juros?
A julgar pelo entendimento entre ele
e Lula, tudo mudou. Não haverá comentários indesejados.
A esta altura, só um grande revés
dentro do PPS tirará Ciro da Integração Nacional. O presidente da sigla, o
senador Roberto Freire (PE), gostaria
de ser ele próprio o ministro. Há resistências fortes ao seu nome no PT.
Freire ficou magoado. Homem de
partido, deve se resignar e aceitar a
posição majoritária do PPS.
O PPS terá sua chance de ouro com
Lula. Poderá transformar-se em um
partido médio, estabelecido. Se Ciro
fracassar, a sigla voltará ao oblívio
no cenário nacional.
Os jornais "The New York Times" e "The Washington Post" tomaram
(sic) um "furo" ontem: não deram nada sobre o importantíssimo prêmio que FHC recebeu da ONU. |
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